25.12.04

Felipe Sandin, o Abdul

O meu 'clic' de Felipe Sandin é o do fluxo de anelo e intensidade de vibração da vida que perpassam toda sua obra. Parte da força criativa de poetas imensos do curso de Filosofia da UERJ, Abdul parece querer dizer "vida agora, amarras fora" e o solo fértil onde compõe foi em grande parte estruturado pela análise abdulina do ser, do por-vir; seus termos por vezes severos não carregam com o peso do pessimismo. Ao contrário, provêm da vontade urgente, brocando todos os nervos e músculos do corpo, de VIVER, e viver livre e poetar o milagre da vida, em um mundo onde a felicidade é, para muitos, um milagre mesmo, por vezes pouco ou nada tangível.

Em contato direto com suas características poéticas, seu gosto de estar próximo à natureza.

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Muralhas

Podem até me chamar de rebelde sem causa
Não nasci em família abastada,
Mas sempre tive o que me "bastasse"
Podem até dizer que a vida é boa,
Mas qualquer um tem motivos para se indignar
E talvez realmente eu seja um pescador de ilusões
Não concebo a paz com medo
A paz sem medo é (a) felicidade
Podem até dizer que brigamos porque não nasci para você,
Mas só lutamos porque tememos perder, porque tememos
Não quero estar sem você
Preciso amar você

Podem até reconhecer que nossas muralhas são enormes,
Mas não adianta reconhecer
É preciso se revoltar
Não contra outros e sim contra toda atitude repulsiva/repressiva
Amar, hoje é cliché
Por isso preciso muito mais para sobreviver
Por favor, não esteja contra mim
Por favor, não tenha nojo de mim
Podem até atacar nossos ideais,
Mas preciso fazer a vida valer a pena
(faça-me acreditar que é possível)
Minhas dúvidas não calam;
Se eu derrubar as muralhas você irá derrubá-las também
Se nossas muralhas são iguais em ideais,
Se podemos conviver juntos sem muralhas (ou com elas)
Se muralhas são preciso, e se podemos destrui-las ...

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