O livro Magik (abril de 2004), do Vinícius Perenha, é dividido em dois atos, a saber: o Quase e o Cortejo dos Corpos.
Basicamente, cada ato é composto de um poema, sendo cada poema dividido em diversas partes.
Nos próximos dias vou postar aqui as 4 partes do Quase, um poema belíssimo que divaga sobre o que quase foi mas não foi, o que era uma possibilidade antes de ser, mas cuja saga não prevaleceu, permanecendo como uma possibilidade, sem o status de ter sido. O Quase, medíocre, magnífico.
PS. As quatro partes do ato Quase estão sendo musicadas pelo Loki, provavelmente a serem divulgadas no próximo cd da banda.
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Quase, parte I
Como gota, morna,
escorre às costas e, vejam:
Não toca a pele. Quase.
Não perceberam os olhos?
a própria pele o enxerga
com nervosismo. Ansiava pelo toque
e ficou na tentativa de sentir
uma gota ao menos.
Não pode também chorar
não vê que agora reside somente em
seu silêncio e suor.
Despede-se..
Vai, ou melhor, fica,
com suas escamas mortas,
esvaindo-se na própria renovação.
E também a água,
sem o toque da pele que a estraçalharia a forma
no momento exato do impacto,
e aos poucos
lhe tomaria existência e identidade
absorvendo-a,
também a água se entrega
e deixa de ser;
fica a possibilidade.
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