2.8.08

O cerne

Empreendeu, por fim,
a grande viagem
Ao ponto mais austral de seu ser,
Suas experiências passadas mais traumáticas
(As boas e as ruins)
Lanhando-lhe o equilíbrio.
A náusea surda
De ascender ao cerne,
Que neste plano
Quem pode discernir
O dentro do fora?
“É um soco no estômago
Descobrir suas lacunas”, pensou
E a revelação última
Quando descobriu
Em Deus e no diabo
A mesma e única pessoa.
Ali seu limite.
“Uma coisa é a verdade,
Outra coisa é o que se quer enxergar”


(Aos 28 de janeiro de 2006, poema integrante do tomo IV "Jesus o nazareno", do livro "Acontecente")

3 comentários:

FlaM disse...

querido, espere só empreender a pequena viagem
ao ponto boreal de seu ser
onde deus e diabo
sequer existem
onde não há limites
onde as verdades
são todas provisórias

bj, f

william galdino disse...

"Há sempre três pontos de vista, o meu o seu e o verdadeiro".
A verdade e o que se quer enxergar.
A revelação no final das contas é perceber que os opostos não são tão antagônicos assim. É o giro,o oscilar e o esbarrar das coisas. O poema é mais um flertando com o filosófico e esse namoro entre o poético e o filosófico já
vem de longe,cheio de carinhos e atritos.
abraço e até.

Rachel Souza disse...

Sim,sim, "Deus e o diabo uma única e mesma pessoa", afinal de contas nada é uma coisa só, é sempre duas ou mais. Ou não...rsrs
e essa questão da "verdade", a yoga/prana, defende ser uma só e que só iluminados a enxergam em sua totalidade, como na minha casa às vezes falta luz, prefiro acreditar que são muitas e portanto, relativas.
Inté,piá!