Estou lá, deitado –
não estou esperando
nenhuma carta
não estou estudando
a saída do xeque
não estou pensando
em que vou comer hoje
não estou aqui sob minha pele
querendo ser só a pele,
desejando sumir pra sempre,
querendo parar de querer;
não pus o disco
pensando em levantar pra trocar de lado
não estou pagando
a prestação eterna
de nossas vidas entardecidas
nem querendo pôr ordem
na confusão deliciosa
que me ocorre
agora agora agora e agora outra vez
não morro, não puto, não teclo
não arrebanho abraços
de asseclas estupefatos
enquanto
estou lá, deitado.
(Aos 21 de setembro de 2008)
2 comentários:
Muito bom, meu amigo, muito bom! Elementos naturalmente muito bem escolhidos, ritmo. Grande abraço e arte!
Andas num momento inspirado marujo, gostei deste "estou lá", este não estar sob a pele. Há uma imagem que simboliza esse quase 'zen" já além , é a imagem do buda deitado e o poema me trouxe essa imagem. Abraço.
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