Há uma árvore na rua
Uns três poucos metros, sob a varanda.
Ela conforta serenamente
Um meu sombreado vizinho.
No andar de baixo.
Feliz homem
Que a vê saudável e forte
Crescer sem pressa
Na sombra que invade, mais cada vez
As pedras frias do assoalho.
Triste ideia
A de querer colher pra mim
A boa sorte de outro homem
Um irmão
Cuja varanda é mais fresca que a minha.
vila isabel, 01 de maio.
4 comentários:
Como já dizia o outro Vinicius, o de Moraes, a poesia está em tudo, a gente é que muitas vezes nào enxerga. Um poema pode surgir a qualquer instante, de um olhar pela janela por exemplo.
E sei que náo é do teu feitio querer as sombras dos outros, preferes plantar tuas próprias árvores.
As rimas nao escravizam a poesia do Vinicius, sabia decisao que lhe permite retratar aspectos como este.
O poema tem um vies tridimensional muito forte, que me chegou mais do que a questao levantada em si !
claro, william, claro. isso foi coisa do eu lírico... eu mesmo nunca tive invejas, nem das sombras nem das rimas elegantes de ninguém. vai por mim, pura verdade.
e não entendi teu comentário direito, isaac. esse negócio meio circunstancial, meio retrato, já foi uma tua especialidade, para além de qualquer coisa com rimas ou não. vide o hidrante.
grato aí, moçada. soa bem esse retorno!
Sim,poesia num grão de milho! Eu vi. Tá no blog, se aguentar uma visita ao meu cafofo virtual.
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