16.6.10

O cerne




Empreendeu, por fim, a grande viagem

Ao ponto mais austral de seu ser,

Suas experiências passadas mais traumáticas

(As boas e as ruins)

Lanhando-lhe o equilíbrio.

A náusea surda

De ascender ao cerne,

Que neste plano

Quem pode discernir

O dentro do fora?

“É um soco no estômago

Descobrir suas lacunas”, pensou

E a revelação última

Quando descobriu

Em Deus e no diabo

A mesma e única pessoa.

Ali seu limite.

“Uma coisa é a verdade,

Outra coisa é o que se quer enxergar”.



(Aos 28 de Janeiro de 2006, poema do tomo Jesus O Nazareno, parte do livro Acontecente, lançado pelo Presença em 2006)

Um comentário:

william galdino disse...

Por mais cascas que criemos e experiências que se acumulem sobre a pele, há sempre um incomodo pronto a vir à tona, o lado escuro, o que não cala,o acerto de contas.

“É um soco no estômago
Descobrir suas lacunas”

Não há sono que apazigue.

O poema é daqueles de não pôr panos quentes,tateando os limites

“Uma coisa é a verdade,
Outra coisa é o que se quer enxergar”.

e realmente esta é a grande viagem,a mais difícil e talvez a mais necessária.

Abraço marujo.