Olá, rapaziada,
Segue relato e poema do André Bentes, após sua recente viagem no Norte.
O poema é vivíssimo e cheio de retratos interessantes.
Confiram abaixo o contexto e, em seguida, o poema.
Abraços !
+ + + + + + + + + + + + + + + + + + + +
Caríssimos-as,
Estou de volta na terra do Zé Carioca.
Estive por duas semanas incríveis do outro lado da fronteira do rio que não tem ponte, no Amazonas.
Como não tinha comigo sequer minha velha máquina analógica, encontrei essa maneira de dividir com vocês essa experiência...
O cenário é uma ilha (sem energia elétrica, apesar de estar ao lado do que foi considerada a pior hidroelétrica já construída, pelos danos e pouca energia http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Hidraulica/balbina.htm) no arquipélago da balbina, 3 horas por terra, 3 por água, de Manaus.
Fui acolhido por uma família que vive exclusivamente da caça e da pesca, nascidos na fronteira com a Colômbia.
lá vai:
Notícias de uma ilha particular
O sono é leve na noite funda no lago do tacunaré...
Venha senhor André, Seu Pedrito é quem lhe chama
Os meninos já se banha e a noite já ta de pé
Da’raimunda e as luminárias,
A canja e a caça na mesa
Os cão late: cobra ou cutia
Os menino o os jacaré?
Se assente nego Zé
Que hoje é sua essa ilha
tem café e dominó
e a cachaça é escondida
Carumbé trouxe o tatu
Buriti de sobre a mesa
Na gaitinha só forró...
- Que dia que é lua cheia?
Na reserva roba os bote e leva os motor e tudo
- Por isso que eu mato onça, fui largado nesse mundo
Nascido lá nas fronteira, um dia na perimbeira
Deu medo de entrar no mato
O tiro saiu tremido
Mas fome que é coisa feia.
Criança e muié no chão
- Trankilo aqui né rapaz?
E não tem carapanã
Porque fomu abençoado
Meu sonho é um gerador
E galinha botadeira
A casa fui eu que fiz
Cumas tora de madeira
Carumbé trançou as paia
Amanhã nós vai de bote lá pro lago da cucaia
Mas é bom não entrar nas água
Nem na terra do seu Chico
Tem batata encantada que se transforma nos bicho
Os boto bate nos bote... as onça devora os cão
!E não tem tiro de espingarda que acerte o catiço não!
- É macumba Seu André. Fala um dos meninos.
Amanhã nós vai pegar uns maceta duns Açu
E tu que vai pilotar...
No céu que tem mais estrela
Jatobá é chá pras cadeiras
a paz é tão corriqueira
e a rede balança sem pressa.
No lago onde a noite é leve...
O sono é fundo...
O dono é o tacunaré.
Boa noite
Todo mundo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
registro:
segunda vez que eu entro aqui pra postar, leio o poema do andré e resolvo deixar ele "por cima" mais um pouco.
pra voltar mais tarde.
Esse poema tá muito dinâmico, muito interessante. Andrezito voltando às primeiras páginas do blog, com méritos.
Tive a oportunidade de ler o poema antes dele ser publicado aqui no blog e cheguei a comentar com o Vinicius sobre a qualidade do mesmo.
Interessante ver como novas paisagens podem gerar uma nova forma de abordagem e construçào das palavras,mandou bem André.
abraços.
Bonito! Muito melhor que qualquer imagem.
Postar um comentário