15.11.12

Fábio Alves


A Rua
I
Caminhamos pela rua
Sempre tentando
Olhando em volta
E vendo como as coisas se resolvem
Como se encaixam as peças do jogo
Sob o jugo da entropia do universo
Que faz com que tudo se acomode
O homem usa da preguiça
E se faz alheio à vontade
Impulsionada pelo dentro
De ao próximo amar

II
Tentando e olhando – vês?
Buscando o que realmente importa
Que talvez seja a pureza humana
Que anda nas entrelinhas
Esmagada pelas linhas
Do egoísmo em negrito
E da maldade inata sublinhada
A qual vai aperfeiçoando-se
Na école do tempo
Internato vitalício
No qual é impossível
Visitar os pais nos fins de semana

III
E a nossa pequenez
Canalizada e balizada pelo próximo
Que cria regras mesquinhas de convivência
Visa ao material – O concreto infernal
De pleitos e desejos abstratos
Os quais jamais serão conquistados
Deixam pelo caminho as minas
Que serão esquecidas
Até que um outro homem
Alheio a esses – talvez até um homem puro
Pise-as e carregue consigo a morsa
De mutilações e pensamentos pós-traumáticos
A vida segue...

IV
Onde será que está?
Aquilo que foi perdido
Ou que talvez nunca foi criado
O amor verdadeiro e puro
Nos faz umedecer os olhos
Só de pensar que ele existe
E nossos lábios tremem
Ao descobrir que é impossível
Compreendê-lo por completo
Somos reprovados à prova
Da lição que Jesus nos ensinou
Continuamos ignorantes
Dando cabeçadas nas paredes
Da rua por onde caminhamos.

                                           (Fábio dos Santos – maio de 2007)  

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