7.7.13

Tim Maia, Roberto Carlos e Rock and Roll, nos tempos dos Lps, k7 piratas e Locutores de Rádio.



Fui uma criança sem muito interesse por música, acho que o modesto acervo de discos dos meus pais também não contribuiu muito. Lembro de alguns desses discos; trilhas sonoras de novelas da rede globo, coletâneas internacionais de músicas românticas, Lps do José Augusto (que era o ídolo da minha mãe na sua juventude), alguns discos de sambas-enredos e outros do Tim Maia e Roberto Carlos, e estes dois são a herança musical que ficou. O gosto pelo Tim Maia só fez crescer de uns tempos pra cá, graças a era do download que me possibilitou entrar em contato com sua produção dos anos 70. Os Lps do meu pai eram da fase brega-romântica do Tim Maia (anos 80), toda vez que ele tomava umas a mais colocava esses discos no máximo e cantava junto os poucos versos que sabia, e para um moleque de uns sete anos não era a música mais interessante pra se ouvir.
A  audição mais atenta dos discos do Roberto Carlos se deu por volta dos 17 ou 18 anos, peguei os vinis que tinha em casa e coloquei no toca-discos procurando as músicas mais interessantes, fiz tudo isso depois de me certificar que não tinha ninguém por perto, naquela época ninguém poderia saber que eu andava ouvindo Roberto Carlos. Isso era imperdoável prum jovem rebelde, fã de Iggy Pop, Bob Dylan, The Clash e Neil Young. Até a primeira metade dos anos 70 Roberto Carlos produziu muita coisa boa, depois infelizmente acabou virando uma espécie de Julio Iglesias brasileiro, abandonou seu visual cigano-hippie, com seus cordões, jaquetas e cachimbos e resolveu cantar pras gordinhas, baixinhas, míopes e nossa senhora, e há décadas só faz lançar os mesmos discos e especiais de fim de ano pra cumprir contratos.
Mas Roberto Carlos e Tim Maia não me despertaram interesse na infância, foram descobertas posteriores. Lembro da primeira música que prendeu minha atenção quando criança. Estava tocando no 3 em 1 prateado da marca aiko que tínhamos em casa, era uma tarde na Ilha do Governador na década de 80, fiquei ali prestando atenção naquela melodia e na história que a letra contava. Fiquei esperando a música terminar com papel e caneta nas mãos e assim que o locutor anunciou de quem era aquela canção anotei no papel; Eduardo e Mônica da Legião Urbana. Então era essa a tal banda que o Geovane tanto falava. Geovane era um amigo do primário que dizia pra todos que sua banda preferida era a Legião Urbana, acho que todo moleque nos anos 80 que tivesse um irmão mais velho devia gostar da Legião, o Geovane tinha um irmão mais velho que curtia a banda, como eu não tinha irmãos e nem o hábito de ouvir rádio demorei um pouco pra conhecê-los. Ainda levei algum tempo pra entrar em contato com os álbuns da banda, foi por volta do 14 anos quando comprei no camelô umas fitinhas k-7 piratas, numa dessas promoções de três por não sei quanto, foram duas fitas da Legião e uma do Raul, e essa foi a minha iniciação no rock. Legião Urbana e Raul Seixas foram as portas de entrada. Neste mesmo ano, 1995, comprei meus primeiros Lps; Planet Hemp, Raimundos, Pearl Jam e Nirvana, o típico rock and roll de ouvinte da rádio cidade.
Depois, aos 15 anos, descobri o Trash Metal, Punk aos 16, Folk aos 17, aos 19 formei uma banda com os amigos Rafael Elfe e Odilon Soares que durou apenas seis meses (a minha falta de ritmo pra tocar bateria foi uma das razões pra curta vida da banda) . E daí pra frente o moleque que durante a infância não se interessava por música se tornou um aficionado, consumidor compulsivo, que baixa mais músicas do que pode ouvir,  que gastou durante muito tempo o dinheiro que tinha e o que não tinha comprando discos, e até hoje não consegue passar por um vendedor de vinis sem parar pra dar uma olhada.

Também não lembro qual foi o último dia que passei sem ouvir música.

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