26.4.07

As mulheres e o tempo

se ninguém se arrisca, tenho material extenso pra postar, de qualidade impressionante para os desavisados que não conhecem poesia independente.
de uma reflexão absurdamente desnorteante, releio "as mulheres e o tempo".
aos mais desavisados recomendo coletes salva-vidas...

* * *

I
Jamais é um tempo que não acaba nunca
Que nem por alto, dá pra se fazer idéia
Jamais
Transcende. Porque nunca também começou
Ironicamente ainda pode ser falado
Mas só quando supõe o sempre
E sempre que assim for
É adequado.
Jamais?
Adequado?
Estranho

II
Vai que ela diz:
jamais falo contigo de novo
Vai
Que ela diz: te amo
Pra sempre
Vai, que ela chora
E sempre que chora
Diz que nunca vai te perdoar
Ou que ela some
Vai morar num bueiro, sei lá
E nunca mais volta
Vai que ela tem razão
Tá bom, tá bom...
Isso nunca
Mas vai que ela pensa que tem
Sempre?
E nunca mais deita do teu lado
Segura tuas mãos
Mexe nos cabelos
Etc., etc., etc

III
Adequado é que não pode ser
Uma coisa dessas
Só uma, vai que mata
Imagina todas elas juntas?
Elas deviam pensar mais em nós
Ser mais frágeis, eu acho
Não sempre,
Mas às vezes seria muito melhor


(Vinícius Perenha, do livro "Poesia pra toda obra")

3 comentários:

Guto Leite disse...

Eu gostei bastante, principalmente do primeiro. Realmente de intensidade e qualidade lírca impressionantes! Grande abraço aos poetas, particularmente ao autor.
p.s.: Vinícius, já leu Adília Lopes?

Anônimo disse...

Guto, valeu novamente pelo comentário; deve ter sido duro encontrar lirismo, ainda mais de qualidade. grande gentileza.
ah, nunca li Adília Lopes, recomenda?

Isaac, valeu pelo post, realmente tô sumido, mas cadê os espaços entre os versos?
hã?

Guto Leite disse...

Difícil, nada, Vinícius. Permeia todo o texto. Muito bom mesmo. Recomendo sim Adília Lopes pelo uso deste recurso, uma espécie de lirismo prévio, sustentando. Bom, como sempre, sei pouco do que esou falando, mas recomendo. Grande abraço!