17.4.10

Viagem de trem

........................................ Ilustração de William Galdino



Cruzam-se todos, na estação de trem,
Os mil destinos dos que estão ali,
Abençoando-os o deus Devir
Com as surpresas dos que vão e vêm.

Famílias, sóbrios, ébrios, andarilhos,
Caixotes, mochilas, sonhos distantes
Diluem nos trens quimeras errantes,
No longo trilho os mesmos estribilhos...

Nunca escutei passar locomotivas
Sem desejar, de formas emotivas,
Estar a bordo, com todos os demais

Tripulantes, todos desconhecidos,
Dividindo os ferroviários idos
Sobre os múltiplos caminhos metais.



(Bangkok, aos 17 de Abril de 2010)

3 comentários:

Vinicius disse...

interessante que, apesar de o autor claramente fazer parte do fluxo incessante que desenha, a perspectiva é de alguém "de fora", que não está lá.

curioso.

rola aí uma sensação meio universal, mais ou menos intensa, aqui ou ali, mas universal.

william galdino disse...

É o desejo de estar em movimento com outras paisagens diante dos olhos.
Como o vinicius atentou o autor parece estar entre a estação e o vagão, só faltando um salto.
Agora acho que o soneto e suas rimas acabaram por conter um pouco os versos do poema, talvez esses vagões pedissem uns trilhos de versos livres.
abração e até.

Isaac Frederico disse...

Interessante essa observacao que ambos fizeram, eu nao tinha atentado pra isso; quanto ao "gesso" do formato do soneto, ville, tou trabalhando nisso, tentando dar mais fluidez a um soneto, eh um comentario totalmente pertinente.
Abracos !