Cruzam-se todos, na estação de trem,
Os mil destinos dos que estão ali,
Abençoando-os o deus Devir
Com as surpresas dos que vão e vêm.
Famílias, sóbrios, ébrios, andarilhos,
Caixotes, mochilas, sonhos distantes
Diluem nos trens quimeras errantes,
No longo trilho os mesmos estribilhos...
Nunca escutei passar locomotivas
Sem desejar, de formas emotivas,
Estar a bordo, com todos os demais
Tripulantes, todos desconhecidos,
Dividindo os ferroviários idos
Sobre os múltiplos caminhos metais.
(Bangkok, aos 17 de Abril de 2010)
3 comentários:
interessante que, apesar de o autor claramente fazer parte do fluxo incessante que desenha, a perspectiva é de alguém "de fora", que não está lá.
curioso.
rola aí uma sensação meio universal, mais ou menos intensa, aqui ou ali, mas universal.
É o desejo de estar em movimento com outras paisagens diante dos olhos.
Como o vinicius atentou o autor parece estar entre a estação e o vagão, só faltando um salto.
Agora acho que o soneto e suas rimas acabaram por conter um pouco os versos do poema, talvez esses vagões pedissem uns trilhos de versos livres.
abração e até.
Interessante essa observacao que ambos fizeram, eu nao tinha atentado pra isso; quanto ao "gesso" do formato do soneto, ville, tou trabalhando nisso, tentando dar mais fluidez a um soneto, eh um comentario totalmente pertinente.
Abracos !
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