Há uma intenção subterrânea
Naquilo que você não quer
Ou faz
Ou pensa que faz, deseja
E diz.
Pode ser deus
O subconsciente
O capeta
O instinto
Ou o devir.
Pode ser sua mãe
Um espírito desencarnado
O lado escuro da lua
O outro lado da moeda
Os demônios que um dia você há de enfrentar
Ou até um fiapo de loucura
Insinuando
Que chegou a hora
De resolver os abusos
As descargas que não foram dadas
Ou a paranóia que arrepia sua nuca
E nunca deixou você gozar.
E calma, amigo...
Tem mais.
Há mais andares abaixo
Das intenções mais subterrâneas
E por fim há a câmara do significado elementar
Essencial, simples e primeiro.
Necessário, absoluto e irredutível.
O uno indivisível, impensável e indizível.
Depois da morte e antes da vida
A preencher cada intervalo entre seja lá o que
For e de cujas portas só o tempo tem a chaves
É amigo
Fatalmente a busca um dia revela-se
E é nada além de tempo perdido.
Vinicius Perenha
Poesia integrante do livreto "Absinto", com poesias de Isaac Frederico e Vinicius Perenha, lançado pelo Presença em setembro de 2006.
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