Já apresentei diversas vezes a poesia do Grego aqui - ainda assim não me contenho de escrever algumas poucas palavras quando posto uma poesia sua.
Bebendo na fonte camoniana de não separar quartetos e tercetos, Grego mete um soneto alucinante atrás do outro, revirando sensações nem sempre floridas.
Vai aqui um antigo, inflamável.
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NO VENTRE DO VERÃO
No ventre do verão sem calma ou vento,
não tive a quem gritar. O sol queimante,
o suor, a febre, o espasmo delirante
secava em todo peito todo intento.
Era Dezembro, o mês do fingimento.
As ruas eu cruzava em pranto andante,
espremido entre a massa e o cru cimento,
sem ninguém que me ouvisse o grito arfante.
Em meio à gente tanta, solitário,
no ventre do verão incinerário
queimava os pés no solo e a pele no ar.
E em todos os rostos um sorriso,
tão belo, tão bonito e tão preciso
com prazo até Janeiro pra pagar.
(Rafael Huguenin, desconheço a data...)
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3 comentários:
O poema do Grego me trouxe a lembrança de sensações muito próximas as descritas no poema, a secura e a febre de outros dezembros, pelas ruas do centro do Rio, onde sem um puto no bolso, qualquer refresco era inviável.
teu comment é quase tão lancinante quanto o poema, william hehehe
"sem um puto no bolso qualquer refresco era inviável"
hahahahahah
esse poema É o próprio verão no Rio - que já começou a nos castigar com esse calor senegalês!
as sensações são mto concretas, quase se fica sem ar como quando se anda à tarde nas ruas da cidade.
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