7.5.07

Tranquilo

achei perdida esta velha resenha do rabugento poeta egresso da inteligentsia sul-africana de johannesburgo.
um verdadeiro divisor de águas no continente africano, onde os velhos quase que inexistem.

* * *

Você é velho,
Usa aquele óculos geriátrico.
Orelhas e nariz imensos, não param de crescer,
Nem por um minuto.
Vem ao meu escritório
Mostrar o banco de dados
Da sua empresa de engenharia.
O jeito de quem nasceu há séculos
E aprendeu informática com esmero.
Um hálito amargo abominável
Sentido a três metros de distância
De quem tomou café a vida toda,
O estômago fodido.
Um bom velhinho informático,
Sem coragem de deletar um documento.

Engenharia é rapidez radical.
Celeritas, neuro-cibernética, anfetamininformação.
zzrrt zongingsocingsoc frrr
Não leitinho na mesa de cabeceira.
Seu velho, seu merda.

(Afonso Nives, Johannesburgo, em 2004)

Um comentário:

Guto Leite disse...

Realmente muito bom, traz impulso de poesia viva, à la Octavio Paz! Grande abraço a todos do Presença.