Sei que você me olha de cantinho de olho, mas é como olho de furacão.
Das tempestades da minha cachola, sobraram umas três pequenas árvores de jabuticaba, peroba e juá. Miúdas. Também uma pequena casinha com movéis estranhos e umas paredes coloridas. Acabei achando uns três livros do Caio Fernando Abreu numa sala de leitura escura. Sem contar com uma pequena vila de amigos e uma fábrica de cerveja. Ufa! Pelo menos isso. Mas a tempestade também me levou os planos e até a tinta da minha caneta. Uns pensamentos positivos, quatro rolos de filme e cinco carteiras de cigarro. Matou meu cachorro e ainda me arrancou a máquina de pinball preferida do bar. Tenho três fichinhas aqui no meu bolso. Ah! Maldita tempestade. As roupas do varal, todas voaram. Minha regata, meu tênis azul e até uma blusa do Che Guevara autografada pela Coca-Cola. Raríssima. O grande problema é que, quando a tempestade veio, eu não estava nessa terra. Eu fui lá nos céus dos demônios, procurar paz em outros olhos, beber alguns ácidos e acabei por me encontrar perdida por lá. Me achei, me amarrei e resolvi voltar. Pobre de mim, que encontrei minha terra sem um fio de linearidade. Todas as cores invertidas, as palavras embaralhadas e vários sons de moscas cegas, que não vêem em que merda pisam. Agora que vejo o horizonte se formar, começo a erguer uma casinha simples no alto de um morro verde, com três girassóis na frente e quase mil nuvens com formatos diversos - feito biscoitos sortidos - flutuando no meu altar. Só preciso de um varal.
Das tempestades da minha cachola, sobraram umas três pequenas árvores de jabuticaba, peroba e juá. Miúdas. Também uma pequena casinha com movéis estranhos e umas paredes coloridas. Acabei achando uns três livros do Caio Fernando Abreu numa sala de leitura escura. Sem contar com uma pequena vila de amigos e uma fábrica de cerveja. Ufa! Pelo menos isso. Mas a tempestade também me levou os planos e até a tinta da minha caneta. Uns pensamentos positivos, quatro rolos de filme e cinco carteiras de cigarro. Matou meu cachorro e ainda me arrancou a máquina de pinball preferida do bar. Tenho três fichinhas aqui no meu bolso. Ah! Maldita tempestade. As roupas do varal, todas voaram. Minha regata, meu tênis azul e até uma blusa do Che Guevara autografada pela Coca-Cola. Raríssima. O grande problema é que, quando a tempestade veio, eu não estava nessa terra. Eu fui lá nos céus dos demônios, procurar paz em outros olhos, beber alguns ácidos e acabei por me encontrar perdida por lá. Me achei, me amarrei e resolvi voltar. Pobre de mim, que encontrei minha terra sem um fio de linearidade. Todas as cores invertidas, as palavras embaralhadas e vários sons de moscas cegas, que não vêem em que merda pisam. Agora que vejo o horizonte se formar, começo a erguer uma casinha simples no alto de um morro verde, com três girassóis na frente e quase mil nuvens com formatos diversos - feito biscoitos sortidos - flutuando no meu altar. Só preciso de um varal.
Renata Dantas, não sei quando
4 comentários:
um parágrafo-maçaroca da lisergia da renata, um texto linear dentro de sua não-linearidade, um borrifo de viagens, como brônquios de um pulmão.
o presença não pode ficar tanto tempo sem teus textos, rezoca, abre teu olho... :)
ver-r-r-r-y goooda
estalando a língua no céu da boca
igual um irlandês bêbado.
gosto tanto desas prosa leve, boa, que a gente lê meio drops, meio colomy...
viva!
hehehehe "meio colomy", o comentário do poema é um poema também, neste caso kkkkk
Até que enfim Dona RÊ.Assino embaixo do Isaac, não podes ficar tanto tempo longe, quanta severidade com teustextos, material não faltaAinda há muita coisa pra vir a tona.E estamos sempre esperando ansiosos. Bem colocada a inserção do Caio Fernando, este teu familiar literário.E caminha por aí entre a densidade poética e um lirismo quase infantil, uma beleza simples que as crianças enxergam tão bem. Beleza de transformar tempestades e demônios em poesia.
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