Coronel Aureliano, pintura de Fábio Portugal.
Setembro traz consigo a primavera,"expulsando o inverno". Uma nova estação carregada deste desejo de tudo abraçar, na "pressa típica dos nervos sensíveis" dos que admiram e anseiam pela calma e experiência que se encontra na velhice. Velhice dos que trazem a marca do tempo sobre a pele, e que num dia de cansaço suspiram ofegantes: Não foi em vão, tudo valeu a pena, visto que alma não era pequena.A vida na sua totalidade. Setembro e tudo mais.Este poema faz parte do livro levante que o Vínicius lançou em 2007 no bom e velho esquema do faça você mesmo . Mas a tiragem foi bastante reduzida, então já deixo registrado aqui o meu pedido por uma segunda edição. Ouviu Vinicius?
Setembro ou Nada
O que quero
É terminar todos os dias cansado
Porque fiz tudo
O que é preciso fazer
Pra não morrer num momento de tédio.
E saber de olhos fechados
Que de alguma forma estranha
Tenho as melhores pessoas
Do mundo
Por perto.
O que eu quero
É dizer as palavras que
Eu
Tenho por dentro
E ouvir mensagens quaisquer
Que possam me estimular o desprezo
E a devoção.
É morrer
Num outro dia qualquer
Mas que o seja!
Um dia qualquer.
Quero ter a pressa típica dos nervos sensíveis
e desejar a calma senil dos avós;
Quero ironia e astúcia de sobra
pra que ninguém reclame oportunidades
perdidas
e, se preciso,
calamidades que lembrem
o que é preciso ser lembrado.
Quero vitórias que não perdurem
Porque só assim os erros não significarão
derrotas.
Quero tristeza, sofrimento e controle
Pra discernir e celebrar os prazeres e liberdades.
Quero tanto
Que descobri por acaso
Que saber o que se quer
Não é tão difícil como parece;
Difícil, é viver com isso.
Vinicius Perenha,2007.
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4 comentários:
é Vinícius, difícl é viver com isso.rs Quero um setembro inteiro e a "calma senil dos avós".Posso estar viajando mas isso me lembra algo da Florbela Espanca. algo mais ou menos assim:
"A vida tem a incoerência de um sonho. quem sabe se realmente estaremos a dormir e a sonhar e acabaremos por despertar um dia? Será esse despertar o que os católicos chamam Deus?"
Gostei muito, meu caro! Mesmo! Muitas vezes me acho quadrado, de gosto arcaico, mas aí topo com um poema como este seu e acho muito bom! Salvo o cabotinismo (que vale pela pilhéria), gosto mesmo é de poema bom! Parabéns, meu caro!
Cara, não é que tem mesmo um cabotino parrudo sempre nas redondezas? Mas agente acaba se acostumando.
Valeu!
Ah!
E foi por isso que eu entrei aqui:
Absurda a pintura do veterano Coronel Aureliano e seus peixinhos de ouro. Só falando assim: foda, foda mesmo.
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