Pedro havia falecido há poucos meses e durante a retirada de suas coisas da casa onde vivia sozinho há alguns anos, foram descobertos dois cadernos que, entre contos, crônicas, poesias e textos filosóficos, têm os registros de mais de duas décadas.
Sob a condição de manter ocultas sua origem e história, por assim dizer, tive a autorização de seu filho para tornar pública a obra.
Sob a égide de um passado questionável - do ponto de vista moral e legal - a escrita de Pedro é dura, apesar de elegante; com um traço carregado nos paradoxos e na livre expressão de suas idéias - talvez decorrentes da decisão de não deixar que seus escritos saíssem da gaveta - o velho derruba alguns dinossauros do pensamento coletivista. Segundo suas próprias palavras: "hipócrita, cínico e nocivo, se de direita; fraco e ganancioso sob a pele de revolucionário, se de esquerda".
Pedro Lermann faleceu aos sete dias de agosto deste ano, aos cinquenta e dois anos.
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Universalis post res
Estas cores,
que temerárias ousam saltar
e improvisar seu concerto.
Exibem-se.
Cavalgam belos demônios e
subjugam a indiferença.
Primavera!
Triunfa primeira e afasta
meu espírito arriscado.
Que afoito,
encanta-se entorpecido
e dobra-se ao infinito.
(Pedro Lermann – 13 de janeiro 1978).
Um comentário:
o poema é atemporal, vide data.
hermético... e bonito.
conheceu onde, o george?
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