5.8.07

Catecismo

minha descrição predileta do poeta Afonso Nives sempre começa com "egresso das fileiras da poesia pós-modernista sul-africana..." mas o velho poeta e então bôer rasga-me as definições e se coloca de forma pouco propícia a dúvidas de quaisquer gêneros.

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Ave, bispo.
Seca a lágrima vespertina,
Vã,
Libertina,
Do sofrimento arrebanhador,
A bata puída,
A crença grávida
De fervente louvor,
Prenhe de párias
Do deus-dor,
Sofricêntrico.

Pendura no varal
O gafanhoto descido da cruz,
O ídolo hanseníaco
De tão castigado
Que carimbaste com "J.C.",
INRI,
Ri
O vicário das mucosas abertas,
Sacerdote desconexo
Da punição limítrofe
Do anti-sexo.


(Johanesburgo, aos 10 de dezembro de 2006)

Um comentário:

Heyk disse...

tá aí,
afonso nives, e eu não sabia nem quem era.
ótimo!