Um poema do Rafael sem meio termo. Um esbravejar de amor colérico, num cenário que varia das explosões cromáticas ao preto e branco, como cenas nonsenses de um filme de Buñuel .
"Agora 2"
Já ninguém mais lhe espera
filas de hospitais, reservas de restaurantes.
Ninguém mais te ferra!
Que passos de piolho burro!
Agora amassa o cão,
amai-vos vocês tão vãos!
Já ninguém mais te deseja assim
era tarde tão tarde que amanhecemos
Ninguém nas fotos abraçando-te
nem aqui, nem ali, nem em mim e nego.
E agora?
Que idiota vai te sorrir sempre?
Que imbecil vai te telefonar pra ouvir a tua voz - apenas.
Quem vai querer ver tua bílis golfada?
Quem vai arder por ti num inferno diário?
Quem vai vender tuas vendas tuas sendas imaginárias de algum porto lúdico
das tuas mentiras escrotas?
Quem vai ser o seu escroto e dor quando te chutarem?
É o amor meu bem!!
Quem vai vomitar tua cara no meio da sessão,
e levantar sorrindo suas pernas para lhe meter um taco de baseball
colorido te fazendo um filho?
Quem vai dizer que te gosta tanto que merecia uma vagina de cólera e
ligaria um fusca com tuas remelas vivas?
Sou tão inocente amor! Veja...
Aqui desenho tua goela.
Aqui marco tuas unhas... quero ser um santo!
Você trastejaria outras canções
não as minhas!
Quem te enfeitaria de músicas?
Compra outra moléstia... as minhas terminaram.
Quem?
R. Elfe , sem data.
Um comentário:
lançou forte, um poema de imediato reconhecível para os que conhecem o axioma zero de que o amor não é feito apenas, absolutamente, de flores e mel.
a vizinhança do ódio é interessante pracaráleo, e este poema do elfe se insere bem nesse contexto, não se perdendo em lisergia desancorada.
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