15.5.08

Atol

Sonho-te e nas brumas recendes

......................
O perfume assustador de quem

......................não está.

De quem ferve a doce índole do que fica

No fogo frio de um verde glauco;


..................................................Seco a testa de uma febre rica
..................................................Evaporando num amor incauto.


Transluzo nos olhos a minguante lua

...................Em gotas que se perdem nas bochechas,

...............................................Traduzo o silêncio dos que se esvaem


................................No gelo triste de um amor sem filhos


...................................Que justifica as lágrimas que caem
.........................................Na natureza dos andarilhos.


.............................................Fora dos trilhos, refrões vagos,
..........................................................Nesgas de versos sem legendas
.............................................Num amor fora de época,
.....................................................Encarnado. Dessemelhante.

....Vibrante mas... dissociado.



(Rio de Janeiro, aos 13 de maio de 2008)

5 comentários:

Guto Leite disse...

Belíssimo poema, meu caro. Vejo que voltou inspirado! Grande abraço

william galdino disse...

Enigmático.
Uma sensação de estranheza, de estar fora. "dissociado".
"fora dos trilhos, refrões vagos"
ou vagões refreados ou também uma possibilidade de desvio.

Dolfo disse...

Grande Isaac ao acaso caí por aqui, bacana os poemas.

Abraços!

FlaM disse...

Em teu atol
atua
teu ato
à toa
E atolo
tola –
a tua,
à tona...

(brincadeirinha) Te vi lá no Guto e gostei do comentário crítico. Lindo e inspirador isso aqui!
Prazer, Flávia.

Beatriz disse...

Segui a trilha e gostei desse amor fora de época, encarnado, dessemelhante. Amor maduro, sem logro?
Cheguei, assim como a Flávia, através do Guto.
Brincadeira de passa-anel. A escrita pode sempre gerar conexões novas, rizomáticas.
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Sua crítica será bem-vinda lá no compulsão. Até mais, Bea