Painel de Diego Rivera no Palacio Nacional, retratando a vida azteca em uma quantidade surpreendente de detalhes e beleza.
Catedral Metropolitana
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.....Do Palácio, já um tanto esgotados pelas andanças e pela multidão atordoante, rumamos para o estarrecedor Templo Maior, as únicas ruínas aztecas ainda presentes na Capital. O templo é supostamente o local onde os aztecas avistaram a águia sobre um cáctus devorando uma serpente, o símbolo que hoje ilustra a bandeira do México, e que foi um presságio para a fundação de Tenochtitlán, segundo reza a lenda. Na crença azteca, este local seria, literalmente, o centro do universo.
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.....02 jan
.....Acordamos cedo e às 9hs já estávamos lentamente a caminho do centro histórico; a Lígia ainda sente dores no pé direito e eu ainda não estou 100% da dor das costas.
.....Acordamos cedo e às 9hs já estávamos lentamente a caminho do centro histórico; a Lígia ainda sente dores no pé direito e eu ainda não estou 100% da dor das costas.
.....Tomamos um café quente na SevenEleven e pegamos a av. Paseo de la Reforma, rumo à av. Juarez, que nos levou até a Alameda, uma longa e gostosa caminhada. Chegamos por volta das 10:30hs à Alameda Central, um grande parque arborizado a menos de 1Km do Zócalo (o centro histórico – Plaza de la Constituición); criada no final do séc. XVI pelo vice-rei Luiz de Velasco, a Alameda é hoje um refúgio popular, particularmente aos domingos, quando fica repleta de famílias defeñas (da Cidade do México).
.....Da Alameda entramos no Museu Mural Diego Rivera, que nada mais é que um abrigo para o famoso mural de Diego Rivera entitulado “Sueño de uma tarde dominical em La Alameda”; pintado em 1947, o mural de 15m x 4m retrata diversos personagens-chave da história do México juntamente com figuras populares, como vendedores de doces e furtadores, bem como camponeses. A personagem central é o esqueleto Catarina, personagem de José Guadalupe Posada, o artista mexicano das famosas caveiras, de quem Diego foi admirador. O mural está muito bem conservado e o museu, por ser pequeno, proporciona uma experiência light.
.....De lá observamos o “Semi-círculo a Juarez”, um monumento na própria Alameda, a Benito Juarez. Varamos então a Alameda e chegamos ao Palácio de Belas Artes; o prédio que abriga o museu, uma construção absolutamente imponente cuja fachada inteira é de mármore, foi feito sob Porfírio Diaz, o ditador. Sua construção começou em 1905 e a situação começou a se complicar à medida que o elevado peso começou a afundar a construção no solo esponjoso da Cidade do México. Em 1910 estourou a Revolução Mexicana, de modo que o lugar ficou pronto apenas na década de 30.
.....O museu foi outro ponto alto da viagem, no dia de hoje, com obras belíssimas de Rufino Tamayo, David Alfaros Siqueiros, a obra de arte “A catarse”, de José Clemente Orozco e o mural absolutamente fascinante “El hombre em El cruce de caminos”, de Diego Rivera; este mural foi originalmente comissionado para o New York´s Rockefeller Center, mas os Rockefeller destruíram o original, pela forte temática socialista do mesmo, ilustrando o capitalismo acompanhado de suas guerras e o socialismo como opção de saúde e paz, com as figuras de Lênin, Trotsky, Marx e Engels. Posteriormente Rivera reconstituiu o mural, que agora se encontra aqui.
.....Ainda no Palácio minhas costas voltaram a doer, até que a dor se tornou bastante forte; tomei um tylenol mas não adiantou, comecei a ter novamente dificuldade em respirar fundo, estava mesmo incomodando. Senti tristeza de estar com esta dor durante uma viagem; passamos na farmácia e tomei uma injeção de neuroflax, que me aliviou.
.....Me sentindo melhor, rumamos para a Plaza de La Constituición, a famosa Zócalo, que significa “base”. A praça é uma das maiores praças urbanas do mundo, com seus 220m x 240m, e fica sempre abarrotada assustadoramente com milhares e milhares de consumidores, camelôs, performistas, turistas ou apenas cidadãos locais comuns. O formigueiro de gente impressiona até os mais acostumados, com todos recebendo uma espécie de bênção de uma bandeira hasteada do México, de proporções épicas.
.....Na face norte da praça fica a Catedral Metropolitana, cuja construção feita em cima de ruínas aztecas (por sua vez em cima das chinampas), faz com que o local afunde permanentemente alguns centímetros por ano, desde o início de sua construção, originando rachaduras no piso; há inclusive um prumo imenso, pendendo do teto da catedral, ilustrando o quanto a estrutura vem afundando, ao longo dos séculos.
.....Da catedral partimos para o Palácio Nacional, na face leste do Zócalo, outro prédio colossalmente imponente, como muitos do Centro Histórico da maior cidade do mundo.
O Palácio Nacional é o local de trabalho do presidente da república (Felipe Calderón, por ocasião desta viagem), bem como do Tesouro Federal. O Palácio também abriga diversos murais pintados por Diego Rivera entre 1929 e 1935, retratando a civilização mexicana desde a chegada de Quetzalcoátl, o deus-serpente dos mexicas, até o período pós-revolucionário; os murais são um verdadeiro achado e a visão de Rivera da antiga Tenochtitlán é incrivelmente detalhada e bela.
O Palácio Nacional é o local de trabalho do presidente da república (Felipe Calderón, por ocasião desta viagem), bem como do Tesouro Federal. O Palácio também abriga diversos murais pintados por Diego Rivera entre 1929 e 1935, retratando a civilização mexicana desde a chegada de Quetzalcoátl, o deus-serpente dos mexicas, até o período pós-revolucionário; os murais são um verdadeiro achado e a visão de Rivera da antiga Tenochtitlán é incrivelmente detalhada e bela.
.....Não me sai da cabeça o processo histórico que se desenrolou nestas terras, desde o estabelecimento de grandes civilizações que, está provado, tiveram acentuados problemas com excesso populacional, escassez de água e desmatamento, e seu encontro absolutamente insólito com Hernán Cortés e sua trupe de bandidos... essa visão é mística, quase, pelo absurdo da coisa toda.
.....Do Palácio, já um tanto esgotados pelas andanças e pela multidão atordoante, rumamos para o estarrecedor Templo Maior, as únicas ruínas aztecas ainda presentes na Capital. O templo é supostamente o local onde os aztecas avistaram a águia sobre um cáctus devorando uma serpente, o símbolo que hoje ilustra a bandeira do México, e que foi um presságio para a fundação de Tenochtitlán, segundo reza a lenda. Na crença azteca, este local seria, literalmente, o centro do universo.
.....Cada imperador azteca que iniciava seu reinado deveria encetar uma ampliação do Templo Maior, retratando a expansão e magnanimidade da civilização; cada ampliação dessas era acompanhada de sacrifícios em massa de guerreiros capturados de outras tribos, em homenagem ao patrono azteca, o deus Huitzilopochtli.
.....Ao ver as combalidas ruínas, de importância histórica absurda, não pude deixar de fazer uma comparação – desantajosa para o Templo Maior – com Machu Picchu, a cidade sagrada dos Incas, no Peru. Talvez a comparação não faça sentido, pelos diversos processos históricos envolvidos, mas por aqui realmente não sobrou pedra sobre pedra dos infortunados aztecas.
.....Finda a visita ao Templo Maior iniciamos a cansativa caminhada de volta para o hotel. Fizemos boa parfte da andança já escuro mas não tivemos a sensação de insegurança, as ruas ainda estavam bastante movimentadas; chamou-nos a atenção o internacionalmente (e negativamente) conhecido trânsito da Cidade do México. Chegamos exaustos no hotel, os olhos ardendo pela poluição, o nariz doendo pelo ar seco da altitude de ~2300m – onde se encontra a capital – e a barriga roncando, por volta das 20hs. Tomamos banho, jantamos e desabamos.
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(Continua em 13.10.2009)
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