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Vagar.
Devagar,
divago à luz
do câncer.
O câncer que respiro.
O câncer que alimento.
O câncer
Que enxergo.
Orgânico.
Cresço, desenvolvo e
amadureço.
Tal o
tumor
em que me reconheço:
Escuro
Amargo
O carcinoma
O invasor.
Metástase!
Sim,
amplio os horizontes.
Consumo obsessivo.
Degenerativo, o desarranjo.
Suicida.
Essencialmente suicida.
Consome o próprio hospedeiro.
O câncer,
Deus,
O devir.
Toda a crença é homicídio.
Toda a fé é homicídio.
O hábito, é letal.
(vinicius perenha - Rituais de ver e olhar - 2003)
Um comentário:
pqp, este poema é um clássico, um dos grandes destaques do "rituais...".
muitos aspectos da relação do homem consigo mesmo estão pintados aqui em cores vivas, sua inserção no tempo, sua inserção em si mesmo, e no vício.
comentar este poema é -desnecessário.
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