31.3.07

Seixos ao rio

costumo sempre retornar à leitura das poesias do abdul, quando me faltam elementos naturais, paisagens, figuras atentas à contemplação ao invés da analitiquice. dependendo do tipo de ambiente onde vc se encontra, isso pode ser bastante comum.

do novo livro do poeta a ser lançado a qualquer momento - ao qual felizmente tive pré-acesso, temos "Seixos ao rio"

* * *

Estou feliz, estou cantando.
Estou dançando, estou escrevendo.
Estou pensando coisas boas e lindas.
A alegrar-me na alegria de outros,
Que somadas aos meus próprios sorrisos,
Perfazem o desenho de um rio gelado,
Que corre baixinho, assoviando
Paz aos ouvidos desalmados.

Que sopre o som e refaça minha voz,
Refaça minha paz, minha harmonia,
Meu paraíso pretendido.
E se possível, como por mágica,
Construa as casas que nunca pude ter,
E o silêncio infinito que sempre quis respirar.

Permaneça a paz, o amor, e o sagrado
Do rio, a descer a passos largos e lentos.
A levar os seixos ao alcance das mãos,
Para podermos, no pôr do Sol,
Jogá-los de volta ao seu berço.


(Felipe Sandin, do livro "Poesias ao vento", 2007)

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