10.3.07

Madrigais








Caros, o primeiro lançamento do selo, como já anunciado pelo prório, foi o livreto Madrigais, do Isaac. Alguns poemas do livro já estamparam as páginas do presença, mesmo antes do lançamento, mas agora o filho tem cara, e é esta que aí vai, junto a um dos poemas que mais me chamou a atenção.

Divirtam-se!




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Desilusão



Encanto extemporâneo,
O meu que se choca
Em tua fortaleza de quês;
Na peanha teu busto cerrado,
Atribulado.
Não tarda e vejo fechares o tempo,
Em estampido de ira,
Despetalando minha cortesia,
Reduzindo-a a íon.

Feneço, entristecido,
Desaparecido - órfão.
Recolho-me ao sótão,
Respiro os versos que te dediquei -
Me pergunto onde errei,
Revejo rimas, refaço estimas,
Acalento a pequenina chama
Que inda me resta
E que para si reclama
A proximidade infesta
Da paixão que lhe inflama.

"Inexiste solução, vassalo",
Uma tua carta me versa.
Teu amor tergiversa,
Afunda-me em névoa
De angústia mordaz.
"Abdica", pede-me o coração;
"Escreve-te um foguete,
Vai-te embora para Plutão".

(Isaac Frederico)

Um comentário:

william disse...

Grande desfecho da desilusão para plutão num foguete, o poema se encerra como um riso de ironia, antídoto para os choques e desencontros. bem , apenas uma das tantas leituras que o poema possibilita.