Retiro do baú um poema carregado de imagens e reminiscências da adolescência, esses tempos difíceis, de dúvidas e solidão que todos nós atravessamos, mas também tempo de grandes descobertas. Descoberta da amizade, do amor, da esperança e da possibilidade de transformar anseios e vendavais em poesia. Dedico este poema ao poeta e irmão Rafael Elfe, companheiro de presença, conversas Socráticas e porres de sabattini, que continua seguindo em frente carregando seu violão( máquina de matar fascistas)e sua mochila repleta de sonhos,vida adentro.
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De volta
Na boca de Ella jaz a noite.
O copo vazio revala a embriaguez.
Nos ouvidos permanece a canção de um amigo,
de outros tempos,
outras noites.
Manhãs esquecidas entre livros não lidos.
Sorriso estilhaçados.
Poemas explodindo nos porres de sabattini.
Pés sutis pisando a areia suja,
filmes pra esquecera solidão,
e a triste arrogância pra fugir do desespero.
Amores ensaiados,
e inventados.
Tempos de sonho na mochila,
cola no banheiro,
conversas Socráticas no pedalar das bicicletas.
Restaram as lembranças
e um gosto estranho entre os dentes.
As cartas suicidas foram queimadas.
Colhemos o absurdo dos dias Kafkianos,
E também lírios,
tornando a vida suportável.
Despertando sorrisos do que outrora foram cacos.
Nesta escuridão de algumas luzes espaçadas,
o poema se encerra.
Inacabado,
indizível.
Um pequeno sopro de um eterno vendaval.
Se encerra sem fim.
Como a ânsia de um pintor,
que busca incansavelmente
o quadro definitivo.
Do libreto Entre tanto, fevereiro de 2004.
5 comentários:
é. estes tempos, estas memórias... ficam... nunca vão nem vem, ficam. a gente é q passeia por elas, depois volta pro real sem fim.
gostei da maneira como vc tratou a memória. partindo de um ponto, fzendo o passeio, depois voltando pro lugar, como o formato de uma gota, como o formato d uma lágrima.
e, ainda bem q "as cartas suicidas foram queimadas", ñ é? pq além d eu ter gostado especialmente deste verso(pois para mim resume bem todo o tema tratado no poema), se elas ñ tivessem sido qeimadas, talvez eu ñ estivesse aqi lendo este poema tão lindo, q me fez tb lembrar das minhas trelas pelo mundo... ainda estou nelas, inacabada.
bjo,
adorei,
té!
caráleo, bill ..
bombástico, este poema, eivado dos corredores kafkianos dessa vida que, como bem disse "minina", não se encerram após a adolescência, apenas ganhamos algum jogo e retóricas pra lidar com eles.
o poema permeado de uma angústia nostálgica, mas ao mesmo tempo muito sutil e bonito.
ao elfe, rumo ao chile, onde quer que esse "chile" seja !
Fico extremamente feliz ao ver que o poema fez vibrar um nota em ti "minina",a sua leitura foi muito bonita e precisa, estamos sempre indo e vindo, nesta ponte entre o real e sonhado, o agora e o ontem, mas sempre lembrando de que temos de voltar ao presente e ir em frente.´E Isaac temos que aprender, e olhar pra tr´´as ´e uma maneira de guardarmos o que merece ser guardado e enxergar melhor o caminho dos pr´oximos passos, mas sem abdicar das surpresas. do vir a ser.
Se encerra sem fim, vamos Sisifos no nosso dia-a-dia.
agora sim... lido
lindo
vontade de estar na praia
brisa
breve...
bjus
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