Miopizado pelas cifras,
Enrijecido pelo terno,
Acinzentado pelo monóxido,
Os lírios sem água,
Vivendo pretéritos,
Tetanizados os músculos
Pelo ferro das canetas,
Assinando os contratos,
Mineralizados os rins
Pela areia das lagostas,
Lances liquefeitos
Em negócios suspeitos,
Respostas polidas
De raivas contidas,
Em cada célula semi-seca
Semi-sem-voz garganta,
Aos berros nos bancos,
Apenas cifras e somas,
Comidas prontas,
Zeros à direita
Em inequívocas contas
Suiças setentrionais,
Salgadas e lacerantes,
Lanhando os mornos ventres
Dos brios tropicais.
Um épico. De aço.
Boca-hífen
No rosto branco.
Na manga de linho
O ás inequívoco
Da visita engatilhada:
A auto-bala certeira
Na cabeça arredondada.
(Macaé, aos 06 de junho de 2008)
4 comentários:
putz!
forte isso! Porrada! Seco, árido. E ritmado. Com algum jogo de palavras, que vc já sabe como eu gosto. Ficou bom, gostei!
E gostei muito de vc lá! Te respondi, lá, tem que voltar e ver!
Beijo
(ah, vc me fez muito bem ontem - algo de bom num dia sombrio e doído)
Ah, e já terminei de ler o William aqui (TODO!). Agora vou começar com vc!
bj
O poema exala sufoco e o desfecho é claro e estrondoso, as imagens da ultima estrofe dão o nó final.
p� isaac, uma sobriedade �tima. e quanto de real tem nisso, cara, que coisa! EU fiquei encantando que esse fato, todos eles. senti meus rins doerem aqui.
tem sentido. � papo s�rio.
abra�o.
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