De nada vale pôr-me à tarefa
De resgatar o que não mais existe
Se houve amor agora espero trevas
Percebo as coisas em sua medida
Pois nunca eu pus-me a andar
Sem pôr à prova o que dilacera
Jamais alguém viveu sem não matar
A pelo menos os eus que supera
Que é o tempo sem eu que destruo
As hastes pedidas pelo esquecimento?
Faço de minh’alma o meu próprio muro
Que pulo sorrateiro a cada momento
(André Bentes, do livreto Recortes do tempo)
Um comentário:
"Jamais algu�m viveu sem n�o matar
A pelo menos os eus que supera'
E o esquecimento como necessidade para o adiante o reconstruir-se a todo instante. Acho que das partes dos recortes do tempo, este poema � o que tem maior concis�o e for�a.
Postar um comentário