29.12.04

O bibliômano

O bibliômano Slot
Devora qualquer tipo de livro.
Romance, histórico, poesia ...
Come-os com molho tártaro.

28.12.04

Poemas-minuto



A mijada woodstock

Mijou no muro
E fez amizade
Com as disformes figuras de uréia.



Os dardos

Os dardos
Às vezes acertam o alvo,
Às vezes não.
E mais dardos são lançados,
Que às vezes acertam o alvo,
Às vezes não.



O Rolex

Um Rolex
Serve para atrair mulheres,
Embelezar o indivíduo
e até pra ver as horas.



O Mouse

O mouse é bolinado
Horas a fio,
O dia inteiro.
Quem defende seus direitos?



McGiver
McGiver morreu de câncer.



As ironias da Vida

Poetar as ironias da Vida
É a maneira de o poeta
Lidar com as ironias da Vida.



Os animais

Os animais não são ferozes
Ou bonitos
Ou maquiavélicos.
São animais.



Honra

O código de honra
Virou código de barras.



(Isaac Frederico, em dez. 04)





26.12.04

Luísa Müller

A Luísa não é poetisa de carteirinha, no sentido de querer divulgar regularmente seus escritos.

Entretanto, o Ascese já colhe seus primeiros frutos ao receber algumas obras desta designer que decidiu cursar Letras: Luísa confessou-se estimulada pelo espaço poético e pelas poesias que leu.

Seus escritos são notadamente refinados por um português impecável e facilidade de brincar com as expressões e conjugar os verbos, obedientes que são e ansiosos em lhe servir ao tema que caracteristicamente permeia suas obras: o amor, a necessidade do amor e, mais: a mera necessidade do amor em nossas vidas.

A Luísa encontrou o amor, e foi encontrada por ele, e quantas lições isso não traz aos que são sagazes o suficiente para assimilá-las?

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Belas canções de amor

Verás, não há dúvidas,
que as mais belas canções
são as ditas de amor
e que tudo nelas cantado
é tomado de pronto
por qualquer sujeito
com alma partida,
decepcionado e só.

Universais são os temas do coração.
Verás, é certo,
que o sentimento elege-nos todos,
sem distinção nem pena,
como o vento que quando sopra
lambe as flores e também as folhas
e também as gentes que passam.
Sem distinção.

Verás. E no dia em que sucede
sentirás brotando no fundo de teus ossos
um frio, que impiedoso sobe
e que envolve teu dentro,
(tão dentro e tão teu)
que, sem que te dês conta,
uma lágrima de alívio e dor
brotará em teus olhos
e te congelará as faces
pelos meandros de glória de seu caminho.

Neste dia, verás, saberás haver amado
E farás bom juízo das belas canções de amor.
O Abdul talvez seja um dos grandes nomes da poesia que ainda não lançou um livro, um daqueles característicos livrinhos xerocados que nos toma de assalto pela simplicidade e curiosidade que desperta.
Tenho diversos poemas avulsos do Abdul, e há certa ansiedade por não ter em mãos uma seleção do próprio poeta, um livro com os poemas que ele quis que estivessem ali, na seqüência que ele escolheu, sob o título que ele quis que representasse aquele vernáculo de energia viva.

Mas há sempre um lado bom, vejam só:

O lado bom

Veja o lado bom
Sempre há o lado bom
Escondida ou não sempre existe uma lição
A mágoa também é vida
E a vida também é bela
Uma cena nunca se repete exatamente da mesma forma,
e a diferença é o que possibilita a criação
Apenas um dia torna-se suficiente para viver
Apenas um sentido torna-se suficiente para dar prazer
Feche os olhos para ver e concentre-se no cheiro que está próximo
Pois o que não cheira bem é o condicionamento que domina você
Cheire o lado bom
Sempre há o lado bom
Toque, prove
Ouça e feche os olhos

25.12.04

Felipe Sandin, o Abdul

O meu 'clic' de Felipe Sandin é o do fluxo de anelo e intensidade de vibração da vida que perpassam toda sua obra. Parte da força criativa de poetas imensos do curso de Filosofia da UERJ, Abdul parece querer dizer "vida agora, amarras fora" e o solo fértil onde compõe foi em grande parte estruturado pela análise abdulina do ser, do por-vir; seus termos por vezes severos não carregam com o peso do pessimismo. Ao contrário, provêm da vontade urgente, brocando todos os nervos e músculos do corpo, de VIVER, e viver livre e poetar o milagre da vida, em um mundo onde a felicidade é, para muitos, um milagre mesmo, por vezes pouco ou nada tangível.

Em contato direto com suas características poéticas, seu gosto de estar próximo à natureza.

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Muralhas

Podem até me chamar de rebelde sem causa
Não nasci em família abastada,
Mas sempre tive o que me "bastasse"
Podem até dizer que a vida é boa,
Mas qualquer um tem motivos para se indignar
E talvez realmente eu seja um pescador de ilusões
Não concebo a paz com medo
A paz sem medo é (a) felicidade
Podem até dizer que brigamos porque não nasci para você,
Mas só lutamos porque tememos perder, porque tememos
Não quero estar sem você
Preciso amar você

Podem até reconhecer que nossas muralhas são enormes,
Mas não adianta reconhecer
É preciso se revoltar
Não contra outros e sim contra toda atitude repulsiva/repressiva
Amar, hoje é cliché
Por isso preciso muito mais para sobreviver
Por favor, não esteja contra mim
Por favor, não tenha nojo de mim
Podem até atacar nossos ideais,
Mas preciso fazer a vida valer a pena
(faça-me acreditar que é possível)
Minhas dúvidas não calam;
Se eu derrubar as muralhas você irá derrubá-las também
Se nossas muralhas são iguais em ideais,
Se podemos conviver juntos sem muralhas (ou com elas)
Se muralhas são preciso, e se podemos destrui-las ...