22.12.09

Lançamento do livreto " Torres Homem, 278 "












Fala rapaziada
Teremos hoje o lançamento do livreto de poesias " Torres Homem, 278 " pelo Presença, lá na praça São Salvador, perto do Lgo do Machado.
O evento rola a partir das 1830hs, daqui a pouco na verdade.
O livreto contém 5 poesias inéditas de cada um dos 3 autores - William Galdino, Vinicius Perenha e Isaac Frederico e conta ainda com 5 ilustrações do William.
Serão 30 cópias, distribuídos pelos presentes por ordem de ordem nenhuma.
Então,
O quê @ Lançamento de mais um livreto do Presença, "Torres Homem, 278" -
Onde @ pça S. Salvador, próxima ao Lgo do Machado -
Quando @ Hoje, 22 de dezembro de 2009, às 18:30hs -
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Enganador
Arteiro que sou,
Um fanfarrote sênior,
tapeio meus versos
prometendo-lhes a vida num poema
tanto-sílabo e royal
E eis que agora moram
no albergue bufonal
deste texto escaleno –
que nem a boas rimas se presta!
Pagaram caro, queriam fama,
A escalada literária!
De boas penas tinham ganas…
Mas foram postos, à moda pária
Por este hadoque doidivanas.

10.12.09

Brasília, 19 horas
agarrada às asas do boing
de gravatas grita: - Fica!

Côncava, plana,
central, estranha, via deserta.

Brasília é a Barra da Tijuca à noite,
embora não saiba.

Brasília desdentada de ônibus-trem-elétrico
voltando.

Brasília é moderna,
embora não caiba nela mesma.

Embora não saiba,
é luz de abajour intelecto
janela sóbria em pequenos prédios - púlpitos suicidas.

É astrofóbica, filosófica...
- É coisa-e-tal, saca?

Brasília é mais cedo,
bala de festa.
Mais-tarde deixa Brasília tonta;
gira Brasília sem braços.

E Brasília têm filhos
e pais separados.
Aguarda adoção.

Brasília ambidestra.
Fala alemão, engole facas.
Agarrada aos fios, é uma criança pedindo colo.

Brasília tem nome,
ora não tem.

O céu quer Brasília mais alta,
chama por ela, que
nem da janela pisca.

Brasília é uma curva desfeita.

Brasília é alcoólatra, posta por conveniência.
É uma prancha e dois pratos.

Brasília é ela.
Que vai embora e chega,
retorna do inferno pro inferno.
Pra outra Brasília
que nunca pisei.
Distinta dela mesma,
de seus detritos.

Brasília que nunca estive,
e já nem sinto o quanto a amo.

Brasília ruiva, hippie e bela.

Agora,
Brasília inteira
é uma curva.

(2007)

9.12.09

Andanças por Mangaratiba

Na pedra um corte
veio aberto a dinamite
vaga -lumes tateiam as folhas
e os postes põem suas lâmpadas pra dormir.
A serra desce sobre o mar.
O vento venta na contramão dos meus olhos.

Não há fala.
Não há gente.

Tenho dois pés
que me levam por um caminho em que nunca passei.
Um cão me late hostil
adiante outro me abana o rabo.

Sobre o asfalto um caracol lança-se à sorte
se for seu dia chegará ao outro lado.

A noite não tem hora
não tem ponteiros.

A pedra transpira.

Há um breve momento
onde o corpo se desfaz
instante em que desato de mim.

Sou uma ave sobre um mourão
uma assombração aos olhos do passante

diante de um rochedo e de um mar que se move.

Amanhã
ao nascer do sol
não haverá o que há.
Será uma outra baía
um outro eu.
.
Tudo fica aqui
e passa
.
e passará.
.
Outubro de 2009

1.12.09

O MANTO

Camaradas, foi irresistível.


Segue, meus caríssimos irmãos de armas, que o pesado manto rubro-negro será, mais uma vez, içado sob o cântico de uma nação e, novamente, milhões de olhos estarão postos sobre a realeza desta tradição de proporções bíblicas que é o Flamengo.

O Flamengo que superando todos os adjetivos possíveis, tal como uma vez previu o grande Nelson Rodrigues, já não se conforma mais à idéia de time ou mesmo de comunidade esportiva. A legitimidade que não pode ser comportada por nenhuma noção que não a de uma força da natureza. De outra forma, a atitude dessa paixão seria coisa sobre ou anti-humana. Mas qualquer um poderá perceber nos olhos de um membro dessa fraternidade a evidência absoluta dos mais elevados sentimentos , a característica cristalina da entrega ao júbilo mais absurdo e ao sofrimento mais indescritível com a mesma certeza de que é nobre pertencer a essas cores em toda e qualquer circunstância.

Cantemos sempre todos os hinos, que de certa forma, todos eles nos pertencem. O ente Flamengo, gigante bicolor sem forma que, na representação da armadura rubro-negra, enverga bravio todos os nomes e rostos, todas as paixões e violências que o amor mais fanático de todos pode conter.

Sejamos gratos, nação. Estejamos à altura. O apocalíptico Flamengo é maior que qualquer homenagem.

O triunfo aguarda os próximos dias na respiração ansiosa e entrecortada de todos os homens. Será com respeito e veneração que o grito explodirá hoje e sempre em todas as bocas e lugares. Entre o carnaval de sorrisos e lágrimas não haverá mácula ou infidelidade que resista. Todo e qualquer homem vivo saberá que o Flamengo é campeão.



Vinicius Perenha, 01/12/2009.