30.8.13

Adentro


Há uma intenção subterrânea
Naquilo que você não quer
Ou faz
Ou pensa que faz, deseja
E diz.

Pode ser deus
O subconsciente
O capeta
O instinto
Ou o devir.

Pode ser sua mãe
Um espírito desencarnado
O lado escuro da lua
O outro lado da moeda
Os demônios que um dia você há de enfrentar
Ou até um fiapo de loucura
Insinuando
Que chegou a hora
De resolver os abusos
As descargas que não foram dadas
Ou a paranóia que arrepia sua nuca
E nunca deixou você gozar.

E calma, amigo...
Tem mais.
Há mais andares abaixo
Das intenções mais subterrâneas
E por fim há a câmara do significado elementar
Essencial, simples e primeiro.
Necessário, absoluto e irredutível.
O uno indivisível, impensável e indizível.
Depois da morte e antes da vida
A preencher cada intervalo entre seja lá o que
For e de cujas portas só o tempo tem a chaves

É amigo
Fatalmente a busca um dia revela-se
E é nada além de tempo perdido.


Vinicius Perenha


Poesia integrante do livreto "Absinto", com poesias de Isaac Frederico e Vinicius Perenha, lançado pelo Presença em setembro de 2006.

26.8.13

Feira de publicações independentes


No próximo sábado dia 31, estaremos  em Belo Horizonte participando da feira de publicações independentes.

Abraços & beijos.
presença
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25.8.13

Ángelus!

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Juan Ramón Jiménez
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Olha, Platero, quantas rosas caem por todos os lados: rosas
azuis, rosas brancas, sem cor... Se diria que o céu se desfaz
em rosas. Olha como me replenam de rosas o rosto, os om-
bros, as mãos... O que farei com tantas rosas?

Saberia você, talvez, de onde vem esta branda flora, que eu
não sei de onde vem, que enternece, cada dia, a paisagem,
e a deixa docemente rosada, branca e celeste – mais rosas,
mais rosas –, como um quadro de Frei Angélico, o que pin-
tava a glória de joelhos?

Das sete galerias do paraíso se acreditaria que atiram rosas
à terra. Igual a uma nevada morna e vagamente colorida, fi-
cam as rosas na torre, no telhado, nas árvores. Olha: a força
toda se faz, com seu adorno, delicada. Mais rosas, mais ro-
sas, mais rosas...


Do livro Poetas Hispânicos, Coleção Platero vol. 01.
Editora Cozinha Experimental. Tradução de Marcelo  Reis de Mello


18.8.13

Uns corpos são como flores

 ..............................LuLuis Cernuda

Uns corpos são como flores,
Outros como punhais,
Outros com fitas de água;
Mas todos, cedo ou tarde,
Serão queimaduras que em outros corpos se formem,
Convertendo por virtude do fogo, uma pedra num
..................homem.

Mas o homem se agita em todas as direções
Sonha com liberdades, compete com o vento,
Até que um dia a queimadura se apaga
Voltando a ser pedra no caminho do nada.

Eu, que não sou pedra, mas caminho
Que cruzam ao passar os pés desnudos,
Morro de amor por todos eles;
Dou-lhes meu corpo para que o pisem,
Ainda que os leve a uma ambição ou a uma nuvem,
Sem que nenhum compreenda
Que ambições ou nuvens
Não valem um amor que se entrega.


Do livro Poetas Hispânicos, Coleção Platero vol. 01.
Tradução de Marcelo  Reis de Mello

  

9.8.13

Breves desatinos


Zine  publicado em parceria com a Editora Cozinha Experimental que será lançado no próximo sábado na  PÃO DE FORMA, feira de arte impressa que reunirá livros, zines, publicações e produções editoriais independentes que dificilmente são encontradas dentro do circuito comercial.

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10 e 11 de agosto / 15 h às 22 h
Rua Martins Ferreira 22, Botafogo, Rio de Janeiro.
A entrada é franca. Traje de banho opcional.
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Abraços.