Uma letra em parceria com o Rafael, dos tempos da Geração Perdida, banda folk-punk que durou uns seis meses e fez um único show. Olhando hoje me parece bastante ingênua, mas tem seu mérito pela sinceridade dos versos (ingênuo é anagrama de genuíno). Familiar para todos aqueles que em algum momento de suas vidas foram tocados pelo espírito on the road , pelo desejo de outros rumos , no anseio de se encontrarem. Relendo essa letra pensei no personagem Supertramp do filme into the wild, pensei em Dylan e suas fugas inventadas, e também nos sábios-loucos-viajantes que nos encantaram nas leituras da nossa primeira juventude, Rimbaud, Jack London, Cassady, Kerouac...
Penso em André Luis Pontes o louco andarilho, e em todos aqueles que de alguma forma buscaram uma possibilidade de desvio, que desejaram outros caminhos pra fora dos trilhos.
A mudança é o caminho, mudar de lugar ou mudar a si mesmo .
Sempre aprendizes.
Eu não pertenço a esses lindos dias de sol
Eu vim do negro sujo das esquinas
Eu não espero o abraço triste da minha mãe
nem o beijo da minha menina
Eu admiro mais os loucos
que essa gente vazia
que enfeitam suas vidas
com essas falsas alegrias
Não posso mais ficar aqui a viver nessa incerteza
não suporto mais o riso da tua indiferença
Quantas lágrimas precisam os meus olhos derramar
pra que um dia eles percebam o quanto vale o meu sonhar?
Eu vou cair nessa estrada ver se encontro a minha vida
vou jogar de vez nessa parada já que não tem mais saída
E quando tudo tiver fim
E quando tudo tiver fim
Eu vou fazer uma canção pra mim
Rafael Elfe e William Galdino, 2000.