20.5.07

Rafael Elfe

J a z z i g o



Quando eu morrer,

paguem aos violeiros, os mais antigos

pra na fumaça das violas

meus restos evocarem...

Dêem meu violão ao primeiro menino pobre que surgir...

minha alma vai estar lá dentro,

e ele vai saber exatamente o que fazer,

eu já tive a idade dele...

e também nunca tive um tostão.



Façam chorar o couro dos banjos...

Deixem voar os corvos!

As galopadas do bumbo

me levarão junto às rodas marginais de blues,

e saltarei de dentro das gargantas dos que cantam com dor,

onde eu me ilumine.



Deus está em cordas novas!

Deus está em meus acordes!

Deus é minha voz dizendo essas coisas...

Minha poesia!

É o breu e a luz!

É a rabeca chorando...

A gaita que rasga!

E eu sou o breu e a luz.



Digam a eles que eu não volto mais...

peguei um trem que vai pr´além de mim,

pr´além desse mundo de fábricas e feriados...

e mesmo quando tocarem o último acorde,

enfim, continuarei por aí,

rolando e assobiando com o vento.

Um comentário:

Isaac Frederico disse...

a poesia do elfe é sempre muito musical e rítmica, pelas palavras, sabe a blues.
traz uma sensação leve de liberdade, aquela mesmo que sabemos nunca atingir, por que não apreciá-la em versos ?