12.10.07

Manhã de paz

Pensa na mulher amada... Claro
Como dia que raiou doirado agora
Cansado e a vista... Escura
Como as clausulas que te trouxeram
Ao contrato que assinou outrora.

Pensa no absurdo, e Nada
Que é sonho é realidade
Dois joelhos ralados - dobrados
E dos amigos deitados sem Vida
Que se vê e não se Chora

Sede honesto camarada
Valeu a pena?
Pena? do que?
Do EU jamais... nem do VOCÊ
É... esta manhã "Vitoriosa"

Os carros carregam as cruzes ENCARNADAS
Os hinos soam com glória
Não chora... sede homem!
Sede aquilo que não amou
Soldado.

(Fábio dos Santos)

10.10.07

Instruções.doc

Não sê Prometeu
Acorrentado a teus desejos,
Xeque-mateia teu ego
E seus sutis ensejos,
Enceta a compreensão
Do teu fundo interior
E salva o arquivo
No teu eu-computador.


(06 de agosto de 2006, poema integrante do livreto "Absinto", publicado em setembro de 2006 parceria com Vinícius Perenha)

5.10.07

Guerra e convívio

O meu vizinho da porta da frente
O meu inimigo da casa ao lado
Penso no meu antro sossegado
De noite de luz – apagado

A potência nuclear com telhado
Um lar bi polarizado
Na cama eu e minha esposa
Cada um pra cada lado

Minha mesa de trabalho
O escritório entrincheirado
Olhares-morteiros, estilhaços
Na campanha do dinheiro desesperado

A batalha naval da piscina
No clube ao domingo ensolarado
Bombardeio nas em’costas’
Do companheiro subjugado

Meu pelotão de neurônios
Em conduta – silenciado
Por mais cautela que tivesse
De assalto fui tomado

É o revezamento um x outro
Passando os cajados do poder
Medindo forças na alarmante pista
Que dá voltas até não sei quando

1.10.07

Cata um, cada dois

Sei que você me olha de cantinho de olho, mas é como olho de furacão.

Das tempestades da minha cachola, sobraram umas três pequenas árvores de jabuticaba, peroba e juá. Miúdas. Também uma pequena casinha com movéis estranhos e umas paredes coloridas. Acabei achando uns três livros do Caio Fernando Abreu numa sala de leitura escura. Sem contar com uma pequena vila de amigos e uma fábrica de cerveja. Ufa! Pelo menos isso. Mas a tempestade também me levou os planos e até a tinta da minha caneta. Uns pensamentos positivos, quatro rolos de filme e cinco carteiras de cigarro. Matou meu cachorro e ainda me arrancou a máquina de pinball preferida do bar. Tenho três fichinhas aqui no meu bolso. Ah! Maldita tempestade. As roupas do varal, todas voaram. Minha regata, meu tênis azul e até uma blusa do Che Guevara autografada pela Coca-Cola. Raríssima. O grande problema é que, quando a tempestade veio, eu não estava nessa terra. Eu fui lá nos céus dos demônios, procurar paz em outros olhos, beber alguns ácidos e acabei por me encontrar perdida por lá. Me achei, me amarrei e resolvi voltar. Pobre de mim, que encontrei minha terra sem um fio de linearidade. Todas as cores invertidas, as palavras embaralhadas e vários sons de moscas cegas, que não vêem em que merda pisam. Agora que vejo o horizonte se formar, começo a erguer uma casinha simples no alto de um morro verde, com três girassóis na frente e quase mil nuvens com formatos diversos - feito biscoitos sortidos - flutuando no meu altar. Só preciso de um varal.
Renata Dantas, não sei quando