15.12.08

Láudano

Que coragem podemos
Nós, de herança indigna e cauta empatia
Assemblar a estes terríveis poemas
Se o tempo é veloz e temos tanto medo um do outro?

Não subam mais degraus
Donzelas
Acabaram-se as sacadas
E o amor é só refúgio.
Não vêem que a promessa é armadilha
Não cumprida por princípio?

Não me deixe dizer-te a verdade, irmão.
Não a que tenho de mim.
Pois irás embora com ela
Sem saber que carrega um fruto legítimo.

É tempo para se possuir
Ainda que sejam só os segredos.

E
O poema se encerra em comprar
Papel e caneta, inúteis.
A tristeza fica guardada.

Irei a tua procura hoje à noite
Se estiveres pelos bares
Talvez unamos nossas bocas em silêncio e vergonha.
Senão
Ficará então esta última astúcia
Como a despedida que o fingimento não permitiu.



Vinicius Perenha, quinze de dezembro, 2008.

2 comentários:

Heyk disse...

Pô, Vinicião,
que poema doído. Te juro. Fiquei pensando nisso. Li como se fosse pra mim. É tão doido se pôr a prova assim tão fundo. Que bom, meu irmão, que os poemas encaixam na gente.

òtima volta.

cisc o z appa disse...

cara,
teu poema
tem uma força que espanta
espanto de estalar idéias em novas cabeças ainda não alcançadas

evoé!
cisco zappa