25.3.10

Fragmentos asiaticos

O fim da infancia

Bancos despejando, a quilo,
Creditos de papeis inexistentes,
Uma imagem seria
Pra criancas jogando bafo
Com notas promissorias,
Chupetas de cigarros
E cafes com leite
Chamados "Latte",
Carrinhos Rolls-Royce
O meu maior que o seu,
Policia e ladrao
Com AKs-47;
Infantes jogando Green Beret.
Quando criancas brincamos de adultos,
Quando adultos...

= = =

Jogou as ancoras
No distante Oceano Indico
Pediu ajuda aos corais
Pois que os homens nao tem tempo;
Parou e sorriu
Que grande ironia sao nossas vidas,
Refletiu, consentiu,
Vendo todos seus atos
Distantes do que realmente
Tinha querido fazer.


(Siem Reap, 25 de marco de 2010)

4 comentários:

william galdino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
william galdino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
william galdino disse...

já tinhamos conversado sobre este desconforto que alguns poemas nos causam, e é esta a impressaõ que me causou estes fragmentos, versos que não soam como uma cantiga de ninar, situações que muitas das vezes pomos de lado, das quais desviamos os olhos.

"Pediu ajuda aos corais
Pois que os homens não têm tempo..."

denso no trato com a longevidade e intensidade das memórias e nas constatações de alguém ao olhar pra trás.

Vinicius disse...

Ao final, ali pelo "refletiu, consentiu", a coisa toda se desenha mais pesada. Logo no início, as construções são boas, mas as sensações ficam na base do tiro de festim. Na sutileza de um simples "consentir" o nó aperta e já dá pra pressentir o "distantes do que realmente / tinha querido fazer."

consentir é difícil, acertar é difícil.

acertou aqui, isaac.