23.10.11

Ancestrais

Fala rapeize, e aí vamos tomar uma cerveja esta semana ?

Este poema não é inédito aqui mas queria (re)compartilhá-lo, continua atual. Abraços --


Ancestrais

Canto mesmerizante do vagar,
A estrada une pontos,
Desvela os ancestrais milionares;
O primeiro medo surgiu
Antes do advento da memória,
Há incontáveis séculos
Nadando em um mar revolto e –
No topo de cada uma das ondas insanas
A visão noturna de mil baleias,
Todas de olhos amarelos brilhantes,
Faróis no impenetrável da noite.

Em Tokyo infinitos insetos
Se apinham do lado direito
Da escada rolante;
As lágrimas traçando o primeiro caminho
No rosto cansado,
Defronte ao cânion rubro-dourado,
Nasceu o primogênito da paz pela força,
Do amargo-arsênico
Da dor pela palavra.

Polegar articulado, macaco moderno,
Navalha em punho
Faço a barba com a mão esquerda ligeiramente levantada,
Cacoete ainda
Da música do monolito negro
E choro gotas de unificação.
Em Beijing não há egos,
Estarreço diante do Grande Irmão;
Faça o quanto antes
As ansiosas contas
Com seu próprio passado.


(Beijing, aos 5 de fevereiro de 2010)

Um comentário:

william galdino disse...

Algum tempo sem acessar o blog e eis que me deparo com o marujo de volta as páginas do presença. Ancestrais será sempre uma leitura bem-vinda.
Quando você chegar a cerveja já é certa. Abraço.