10.2.08

Mortalha

Veias abertas, esta manhã
pois que uma transfusão de sangue, apenas,
é o suficiente
para o seu caso.
Alimentar tuas todas células
com outro manjar


dormir a sesta
ao som diletante e heróico
dos ponteiros,
um ferruginoso entardecer
Basta,
para você.


Veias abertas
e caixa aberta
que uma nova alma vem tentar
No lugar da sua;
as minhas veias são os caminhos
para dentro de mim.
É uma sensação frugal,
ao som de um pince-nez quebrando
Abre-se-te a caixa torácica
Ao mesmo som diletante do meio-dia


E sentes como se estivesses pondo
Teu verbo para dormir.


(Aos 10 de janeiro de 2008, poema inédito a ser lançado em breve no livreto "Iuri Gagarin e outros poréns, Edições Presença)

2 comentários:

Guto Leite disse...

Poeta, que grande esse poema! Grandes versos, ótimo tom! Na mosca.

william disse...

Então teremos em breve mais um lançamento? O marujo não dorme a bordo.