26.12.08

Zero a zero (um quase lamento) ou por uma cor com cheiro, sabor e movimento.

.............................................................................................. Pintura de Paul Gauguin.


Alta noite, cena reprisada.
Esta beleza exposta pelo simples prazer de um recuo a qualquer investida.
O espelho nas mãos.
O tédio estampado no rosto (pintado no limite entre o vermelho e o vulgar).
O corpo equilibrando-se na ponta da agulha.
Malvada carne, exposta em quase indecência,
salivando olhares.

Por onde andam os sorrisos que dizem sim?
O aceno de mão graciosa?
Um gesto sem escudo levantado?

Fecho os olhos e sonho com as tahitianas de Gauguin...

Será que alguém ainda se atreve a ir além das luzes da ribalta?


Hein?

André Luis Pontes, diário sem floreios, 1997.

2 comentários:

Heyk disse...

William,

pensei no andré agora como uma espécie de alterego, de heterônimo seu.

é jóia ver coisas assim: o lance da cor do tédio, né? Olha só, entre o vermelho e o vulgar.

E legal pensar nessas mulheres duronas. Duronas todas. E mais legal ainda ver as imagens mesmo do terceiro quarto dos anos noventa, com as agulhas poucas que ainda tinham acabando.

Que jóia ver os poemas e as drogas de um tempo. E as agulhas. Pô!

Eu demorei pra ver esse post. Gostei. Esse poeta desaparecido já me convenceu faz tempo. Ponha aí coisas dele mesmo.

Flávia Muniz Cirilo disse...

Oi William,

além das luzes da ribalta é rumo indisviável!!!


beijo