20.3.09

Voava e luzia

Meu corpo rouco
eu suor se esvai
oco
de remorso
no seu dorso
de serpentinas sensuais

O tom muda
no ritmo em
que o mundo
te circunda
E acalora
benfica
madruga

brontossauro comportado
o espelho te desvela
a renda fina
Acalora
e madruga
benfica

e por não ter outra de volta
não somos nós mas a carta
quem chora
e madruga
benfica
acalora

calibra
você é o centro e o passo
desloca marés nesse caso

pássaro
que morre no ar
e não percebe

não havia chão nem céu
mas morros salpicados
pretos de dourado

Você dançava e luzia
flores vagas no breu
era o umbigo
de toda barriga

3 comentários:

Isaac Frederico disse...

é um poema sobre a lua ! na minha modesta leitura... e muito bem-vindo, cheio de brumas e incertezas boas;
eiqui, meuqui, rido, vc é filho deste solo também.

william galdino disse...

era o umbigo
de toda barriga

Um universo poético que anda se alargando cada vez mais ,e o rapaz só tem vinte poucos aninhos...

Victor Meira disse...

É lindo, nego, isso em primeiro lugar. Digo, há efeito comovente em certas figuras ao longo da vértebra.

E é ode mista. Ali onde o Isaac viu lua, eu vi mãe, vi mulher amada, vi amigo (por quem se nutre respeito e crítica), e vi ego passado (como uma leitura de si mesmo num momento anterior). E (nem foi por escolha) não fico com nenhum, muito menos com todos. Fico num lugar onde não sei sobre o que a poesia fala. Ela me conduziu até aqui de mão dada, e não exigiu uma escolha.

É assim que Voava e Luzia se me dá.

Beijó, nego.