3.4.15

Belo Horizonte



A tarde esmorece o medo dos outros.
Os quartos são vagos e não mostram luz
antes a nos guiar ao verbo e à hora
da beleza dos erros dos outros.

As palavras fluem por não sê-las.
Vais sem Verlaine ou Caieiro
tens apenas essa tez feia e torta
como toda poesia além do signo.

Sabes, afinal, bem pouco de ti.
Tens esses remorsos nos bolsos
e algumas histerias no teu riso
a rasgar teu rosto bobo e frívolo

embora teus olhos tão infantis
ainda saibam conter tristezas
na perspicácia de não se cerrar
por resistirem em pele e sangue.


Laís Ferreira

Um comentário:

Isaac Frederico disse...

Adorei este poema , carregado de uma melancolia observadora e reflexiva ...