16.7.09

trabalho

mas que tanto procuro
que coisa
que quem me espera
afoito na busca, correndo há tanto
espero e não espero mais porto.

haverá anistia
ou redenção pro amor
caminho de volta.
não haverá?

estrada pra paz, equilíbrio
pro desespero.
digestão pressa pressa.
não haverá.
se possível, continuar.

se possível, não curvarei.
se possível, ensinar o pouco que entendo.
e entendo que não posso parar.
apesar do fôlego.
apesar do corpo.
apesar do cansaço.

me vou apesar disso tudo.
serei preciso ainda um pouco.
um alvo por vez,
e calma.

Juro que tento, ser aos poucos.
E tudo o que posso e não posso,
correr.

2 comentários:

william galdino disse...

São riscos a correr, esperar e não esperar um porto, uma trégua, o repouso.
Cada qual imaginado a sua Pasárgada.
O poema tem um fluxo de corredeira, queda d'água.
Busca um respiro , uma pausa.
Mas as palavras parecem não querer o laço.

Num dia de Vinicius a la Breton, de automatismo e pincéis nas mãos.

Isaac Frederico disse...

isso mesmo, senti nesse poema o ritmo da correria, o coração acelerando, e um cansaço quase universal, inerente a nossa corrida.
- - -
fica claro pra mim, ao longo da obra do vinícius, a distinção entre poemas cuja temática parece não afetar o narrador e outros, como este, que são o próprio naco na pele do narrador.

abraçãos !