27.10.09

Diário do México - final


Detalhes reveladores do Terrazo de los muertos, onde eram realizados os sacrifícios dos membros do time perdedor, no Gran Juego de Pelota, uma espécie de jogo de bola de pátio que existia


Observatório astronômico em Chitzén Itzá, repare nas semelhanças com os observatórios modernos (domo redondo)


Detalhes da aquitetura maia, muito mais elaborada e detalhada que a azteca



Evidência clara do sistema de pontuação do Gran Juego de Pelota, no pátio, onde o time que mais vezes passava uma bola por entre o aro, mais pontos fazia



Detalhe da arquitetura maia
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.....07 jan

.....Conceito importante: na região da Cidade do México e arredores, os indígenas locais eram aztecas. Aqui na Península de Yucatán, não; aqui eram maias, outra raça, outra cultura, tudo diferente.

.....Os maias – inventores do conceito do zero, avançados astrônomos e matemáticos, artistas, filósofos e escritores sofisticados, arquitetos de alguns dos maiores monumentos conhecidos – criaram seus primeiros assentamentos no que hoje é a Guatemala, cerca de 900 a.C. Ao longo dos séculos a expansão maia se deu para o norte e por volta de 550 d.C. havia cidades-estado maias na parte sul da península de Yucatán.
.....A última das grandes capitais maias, Mayapán, começou a colapsar por volta de 1440 devido a lutas internas pelo poder. Em 1540 o conquistador espanhol Francisco de Montejo utilizou as tensões internas do império maia para subjugar a península de Yucatán.
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.....Acordamos às 4hs da matina para pegar o vôo das 0620hs para Mérida, no aeroporto internacional Benito Juarez. Acho que, nesse momento, não havíamos ainda nos dado conta da importância de conhecer não apenas a cultura azteca, a principal do México, mas também a maia, que floresceu em toda a península de Yucatán.
.....O vôo saiu na hora mas pousou antes – e inesperadamente – em Campeche, devido a condições adversas de visibilidade no aeroporto internacional de Mérida. Às 1130hs, entretanto, já estávamos vagando pelo centro histórico de Mérida, em busca de um bom hotel a um preço satisfatório.

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.....Francisco de Montejo fundou Mérida em 1542 e utilizou os nativos maias como mão-de-obra escrava; quando o México se tornou independente da Espanha em 1821, o território de Yucatán foi utilizado como largas plantações de tabaco e cana de açúcar. Embora legalmente livres, os maias eram escravos devido ao sistema das dívidas que criavam com os latifundiários.
.....Em 1847, após quase 300 anos de opressão, os maias se sublevaram, assassinando cidades inteiras de brancos; foi o início da Guerra das Castas, a rebelião mais organizada em todo o período de dominação espanhola. Finalmente, em 1901, a paz foi obtida mas ainda passaram-se 300 anos até que o estado Yucatán de Quintana Roo passasse novamente ao controle do governo.
.....A cidade de Mérida é a capital do estado de Yucatán, que abriga antigas cidades maias como Chitzén Itzá e Uxmal, bem como as coloniais Izamal e Valladolid. Mérida – antigamente a grande cidade maia T´hó, foi a principal cidade de contato com a Espanha da região de Yucatán, durante o período colonial; durante a Guerra das Castas apenas Mérida e Campeche foram capazes de resistir ao assédio dos rebeldes; nessa época Mérida recebia ordens apenas da Espanha e não da capital da colônia, a Cidade do México. Foi apenas com ajuda da capital colonial que Mérida conseguiu evitar a submissão aos rebeldes, durante a Guerra das Castas.
.....Nos chamou a atenção o clima daqui, quente e úmido, completamente diferente do clima seco da Cidade do México. Na verdade isso foi um certo alívio, para nossos padrões cariocas.
.....Aqui há simplesmente uma enorme quantidade de turistas, pudemos logo perceber em nossa busca por um hotel. Posteriormente, conversando com as pessoas, viemos a saber que há poucos turistas brasileiros; a maioria dos turistas aqui são americanos, canadenses, alemães e franceses, tomando a cidade inteira (centro histórico) e movimentando boa parte de seu comércio.
.....Achamos rapidamente um hotel em conta, não tão longe do centro histórico, e saímos pra almoçar e caminhar pela cidade, a fim de relaxar e coletar as primeiras impressões. Estávamos exaustos, em um estado semi-onírico, em virtude da madrugação de ontem e do desgaste do vôo.
.....E nesse misto de cansaço e confusão, fizemos uma andança. Percebemos de imediato uma certa mudança na fisionomia das pessoas, em relação ao povo da capital: todas igualmente indígenas mas de compleição mais atarracada e rosto mais redondo. Achamos os nativos mais simpáticos também, mas difícil dizer se isso tem origem na raça, na cidade bem menor em relação à capital ou simplesmente no fato de ser um lugar completamente orientado para o turismo.

.....Passamos pela Plaza Grande, coração da cidade, e vimos a Catedral de San Ildefonso, o Macay – Museo de Arte Contemporanea Atheneu de Yucatán, a casa de Montejo, que abrigou os familiares descendentes de Francisco de Montejo até cerca de 1970, o Palacio Municipal e Palacio Del Gobierno, onde compramos nossas passagens para Chitzén Itzá para amanhã, às 0630hs; passamos também pela Iglesia de Jesús, Teatro Peón Contreras e Universidade de Yucatán.
Pela tardinha tiramos um cochilo inevitável e deois saímos para jantar e comprar protetor solar para a jornada de amanhã. De noite caímos, esgotados.
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.....O diário que fizemos termina aqui; a partir de Mérida, fizemos a viagem até Chitzén Itzá, ilustrada em algumas fotos acima, ficamos mais alguns dias em Mérida e depois regressamos à Cidade do México e em seguida ao Brasil.
.....Ainda que breve a viagem, pudemos coletar dados sobre a história, informações antropológicas e artísticas deste país interessantíssimo que é o México. A compleição das pessoas, de que forma os movimentos anteriores de sua história desembocavam na situação de hoje, o caráter passional de muitas partes da história do país, a pouca mistura das raças, ao contrário do Brasil, a também imensa influência da Igreja Católica, a base alimentar assentada no milho, os museus impressionantes, a pimenta em todas as comidas, o assombro e pesar com o resultado do choque de duas das maiores civilizações à sua época, os pensamentos vagando sobre o que poderia ter acontecido, fosse preservado o legado indígena dos Aztecas e Maias... Poderia ter havido tal encontro pacífico, tendo em vista o caráter colonialista dos espanhóis e o caráter beligerante dos aztecas ?
.....Gracias México !

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