17.6.08

Cleiber Andrade

Diluído entre os tantos versos mineiros, surgiu-me esta poesia de Cleiber Andrade, velha guarda, versos amorosos, suaves e românticos, como convém à tradição de poetas-não-poetas, ventilando o bem-querer e encantando as moças - no caso a dona Irah.
O poema chama-se "Desejos de Cleibe Andrade para Irah", mais preciso impossível.

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Peço-te, amor, para ficar guardado
com muito afeto, num dos livros meus,
como relíquia, mimo requintado,
um cacho loiro dos cabelos teus.

E, se amanhã a vista me faltar,
(nessa desgraça atroz, valha-me Deus!)
cego, serei feliz só em tocar
um cacho loiro dos cabelos teus.

E se, mendigo, eu for pedir esmola
à tua porta por amor de Deus,
dá para uma alma que não se consola
um cacho loiro dos cabelos teus.

E, na agonia, quando tudo findo,
cair a névoa sobre os olhos meus,
com os lábios frios, tremerei pedindo
um cacho loiro dos cabelos teus.

Quando eu morrer, na minha sepultura,
(amada, atende estes pedidos meus!)
quero na cruz de pedra, inerte e dura,
um cacho loiro dos cabelos teus.


(Cleiber Andrade, MG, data desconhecida)

4 comentários:

Guto Leite disse...

Não gostei muito, poeta, apesar de concordar totalmente com teu prólogo! É preciso, natural, tocante...

Anônimo disse...

"DESEJOS" É UM MARCO NA POESIA ROMÂNTICA. A FLUIDEZ DOS VERSOS DEMONSTRA QUE ELES NASCERAM NATURALMENTE E A REPETICÃO 'UM CACHO LOIRO DOS CABELOS TEUS' é desses" achados" que somente a sensibilidade é capaz de encontrar e construir.
Letíticia Meirelles

Anônimo disse...

Não entendi o autor da frase infeliz "poetas-não-poetas". Se DESEJOS de Cleiber Andrade não tem poesia, ouso indagar: que é poesia, afinal ?

Demostenes do Nascimenti

Anônimo disse...

Alguns poemas só poetas entendem. Este é o meu preferido de Cleiber Andrade, meu saudoso amigo.