10.1.09

"Colheita"

O galo amadurece a manhã.
O urubu amadurece a morte.
O peito amadurece a faca,
que amolada planta o corte.

O preto amadurece o nada.
O silêncio amadurece o vão.
Do não brota a palavra.
O corpo apodrece a larva.
Do amor se colhe o chão.

"à granel"

Tente de novo
antes que o novo
seja tentado
a se tornar passado
novamente
acontecido.

x

Meu olhos jovens não viram o que era rude.
Só enxergavam num todo a leveza.
Não restou nada além da certeza,
de que o tempo é sim, um afiador de gumes.

x

Ousei
fotografei o poema.
Tanajuras negras no reluzente monitor;
Que entre o dedo e o flash, por um suave tremor
foram esmagadas.
Na foto brilhava talvez um quadro
mudo, grave e desfocado.
Pensei no ato:
Um poema pintado.

4 comentários:

Flávia Muniz Cirilo disse...

Eu havia entrado aqui outro dia!!!
Lembro do Gaugin!!!(Naquele dia mesmo havia presenteado uma amiga com uma "tela" dele). Adorei me ver aqui!!!! Vou acompanhar esse blog!


bj

william disse...

Trata ´se de um só poema, ou uma colagem de vários?
Fico com o início e o fim.
"O urubu amadurece a morte.
O peito amadurece a faca,
que amolada planta o corte."

"Na foto brilhava talvez um quadro
mudo, grave e desfocado.
Pensei no ato:
Um poema pintado."

Isaac Frederico disse...

é, achei sei lá, meio colagem mesmo .. não me tocou muito, apesra das belas imagens.
elfe, já faz tempo que não leio nada teu, mas os últimos que eu vinha lendo estavam mais afiados, em minha modesta leitura.

Anônimo disse...

São três ideias diferentes, sem nenhuma ligação entre elas. Fiz em três partes de um mesmo dia. Tenho escrito poemas assim. Estou tendo que correr atrás do pão, que tá caro, e dessa liberdade pequena.
Foi como anotar num bilhete e colar na geladeira, alguns pensamentos.