9.10.06

o guichê

O Guichê

I

A lei definiu o ponto
Conceituou a vírgula
Racionou o riso
E amparou em sua miséria
A pena.

A lei desativou o entendimento amigável
E demarcou todas as fronteiras
Encomendou uniformes
E numerou o espaldar das cadeiras.

A lei aboliu a diferença entre honesto e legítimo.

E eu aqui, pensei:
Deus me livre da lei
Deus me livre dos homens da lei
Deus me livre da lei de deus
Deus me livre dos homens da lei de deus.

II

Eu achando que podia burlar o código
E deixar de quebrar pedras
Fiquei agarrado a uns pequenos versinhos
No fim do corredor matutando...

Um jeito de abrir a porta e sair sem discussão
Apagar as luzes, até!
Somente.

O oficial avisa – feliz – que o poema em três vias
Com cópia para a divisão dos revisores
Deve ser encaminhado à associação antes de...

De cá logo meu maldito macacão!!


Vinicius perenha – 09 de outubro de 2006.

Um comentário:

Isaac Frederico disse...

o poema é impregnado de ... claustrofobia? controle? ironia?

orwelliano desde o nome.