4.1.07

Até quando quiser... o devir

e aí caros,

o ano de 2007 começou-me com este soneto do André Bentes - e com bons augúrios, portanto.

vamos tentar conseguir o espaço em santa teresa - será?
se depender da fibra e da energia motriz do "até quando quiser ... o devir", o caminho é sempre em frente...


Até quando quiser ... o devir

O olho esbugalhado vê tudo que passa
Seria redundante se não fosse outro
Seguindo adiante o tempo se escassa
O ser apavorado por ser tudo novo

Do arco e da lira, tensão permanente
Do absurdo o ente, choque das espadas
Contemplo a noite vinda como um bom lagarto
Que grato pelas pedras só observa e sente

E até quando quiser, enquanto houver desejo
Meu medo estará morto e meu olhar distante
Descubro no instante e no após esqueço

A voz no ouvido esquerdo só diz: adiante!
E rio sem moral dos que buscam começo
Percebo a gaivota e seu vôo rasante


(André Bentes, 2006)

Um comentário:

renata disse...

Compro um ano novo, 2007, com muitas portas e janelas. Com ar quente na nuca e ar frio na rua. Travas elétricas para palavras que não devem ser ditas e tapas que não devem ser dados. Alarme para os inimigos. Air bag para o perigo dos maus pensamentos. Tração nos braços e pernas para sair das situações difíceis. Bancos sem encosto e sem mau-olhado. Cintos de segurança para os dias turbulentos e teto solar para espantar o mofo da alma. Direção variável e chave de ignição codificada para o coração. Pago à vista pra receber em 12 prazerosos meses. Tratar com a proprietária deste vale.

Feliz ano Presença!